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“Bolinhas pegajosas” enviadas para matar cancro na corrente sanguínea

Lindsay France / University Photography

Michael Mitchell, Elizabeth Wayne e Michael King, professor de Engenharia Biomédica, a equipa da Universidade de Cornell que desenvolveu "bolinhas pegajosas" que podem matar o cancro na corrente sanguínea

Michael Mitchell, Elizabeth Wayne e Michael King, professor de Engenharia Biomédica, a equipa da Universidade de Cornell que desenvolveu “bolinhas pegajosas” que podem matar o cancro na corrente sanguínea

Estudos preliminares de uma equipa de investigadores da Universidade de Cornell sugerem que “bolinhas pegajosas” desenvolvidas pela equipa podem ser enviadas pela corrente sanguínea para destruir as células cancerígenas que viajem no sangue, impedindo que a doença se espalhe.

O estágio mais perigoso – e frequentemente fatal – de um tumor é a metástase, altura em que se espalha pelo corpo.

Cientistas da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, desenvolveram nanopartículas que permanecem na corrente sanguínea e matam as células do cancro ao entrar em contacto com elas.

Os resultados da pesquisa foram divulgados na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Os cientistas afirmam que o impacto do tratamento é “dramático”, mas que “há muito trabalho a ser feito”.

Um dos principais factores da esperança de vida após o diagnóstico de cancro é se o tumor se espalhou ou não.

“Cerca de 90% das mortes por cancro estão relacionadas com metástases”, explica à BBC o professor Michael King, responsável pelo estudo.

No caminho

A equipa da U.Cornell criou nanopartículas que transportam a proteína Trail (“caminho”), que tem a capacidade de matar o cancro e já era utilizada em tratamentos experimentais, além de outras proteínas “pegajosas”.

Quando estas pequenas esferas adesivas eram injectadas no sangue, agarravam-se aos leucócitos, ou glóbulos brancos.

Testes mostraram que na corrente sanguínea, os leucócitos “esbarravam” com as células cancerígenas que se desprendiam do tumor principal e viajavam pelo organismo.

Mas em contacto com a proteína Trail, agarrada aos glóbulos brancos, as células de cancro simplesmente explodem e morrem.

“Os dados mostram um efeito dramático: não é só uma pequena mudança no número de células de cancro”, diz King.

“Os resultados na verdade são extraordinários, em sangue humano e em cobaias. Após duas horas de fluxo sanguíneo, as células do tumor desintegraram-se literalmente.”

King acredita que as nanopartículas poderão ser usadas antes da cirurgia ou da radioterapia, tratamentos que podem resultar em desprendimento de células do tumor principal.

Lindsay France / University Photography

Elizabeth Wayne (e), Michael Mitchell (c) e Michael King (d)

Elizabeth Wayne (e), Michael Mitchell (c) e Michael King (d)

O tratamento também poderia ser usado em pacientes com tumores muito agressivos, para prevenir que se espalhem.

No entanto, ainda é necessário realizar diversos testes de segurança em cobaias e animais maiores para que se possa fazer um teste clínico em humanos.

“Há muito trabalho a fazer antes de que isto possa beneficiar os pacientes”, afirmou King.

Até agora, os dados indicam que o sistema não tem um “efeito dominó” no sistema imunológico e não danifica outras células sanguíneas ou o revestimento dos vasos sanguíneos.

ZAP / BBC

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