Biden cumpre promessa eleitoral e cancela parte da dívida estudantil a 43 milhões de americanos

Michael Reynolds / EPA

Joe Biden, Presidente dos EUA

Depois de meses de especulação, Biden anunciou hoje oficialmente que vai cancelar até 10 mil dólares da dívida estudantil para quem ganha menos de 125 mil dólares por ano.

O Presidente dos Estados Unidos anunciou esta quarta-feira que tem um plano para perdoar as dívidas estudantis de grande parte dos devedores.

De acordo com a CNN, o chefe de Estado vai cancelar até 10 mil dólares da dívida de quem ganha menos de 125 mil dólares por ano ou para casais que ganhem 250 mil dólares anuais e que declarem os impostos em conjunto.

A moratória aos pagamentos introduzida pela administração Trump no âmbito da pandemia também será prolongada mais uma vez até ao final de 2022.

Biden confirmou no Twitter que a quantidade de dívida perdoada será maior para os devedores com rendimentos mais baixos que frequentaram o Ensino Superior graças ao programa federal de apoio Pell Grants, destinado a ajudar os estudantes com mais carências económicas. Os alunos com empréstimos federais também poderão limitar os pagamentos a 5% dos seus rendimentos mensais.

“Seguindo a minha promessa na campanha, a minha administração anuncia um plano para dar fôlego às famílias da classe trabalhadora e da classe média enquanto se preparam para voltar a pagar os empréstimos federais em Janeiro de 2023”, lê-se na conta oficial de Biden.

O Presidente vai ainda hoje anunciar oficialmente o plano numa intervenção a partir da Casa Branca. Há 43 milhões de devedores nos Estados Unidos que cumprem os requisitos para terem parte da dívida perdoada, incluindo 20 milhões que devem a ter a totalidade cancelada, de acordo com o The Washington Post. A Casa Branca estima que 90% do alívio será para pessoas que ganham menos de 75 mil dólares por ano.

Este anúncio chega depois de meses de pressão da ala progressista dos Democratas sobre Biden e também tem em vista a proximidade das eleições intercalares de Novembro, onde os Democratas arriscam perder o controlo do Senado e da Câmara dos Representantes.

Apesar disto, já se esperam críticas de opositores que consideram que o valor é insuficiente. Nomes como os Senadores Chuck Schumer e Elizabeth Warren defendem que o valor perdoado das dívidas sejam 50 mil dólares e Bernie Sanders chegou a pedir a Biden que cancelasse a totalidade dos empréstimos.

De acordo com uma análise do Banco de Reserva Federal de Nova Iorque, um cancelamento mínimo de 50 mil dólares traduzir-se-ia num alívio total da dívida para quase 30 milhões de americanos e 70% dos beneficiários seriam cidadãos de baixos ou médios rendimentos.

O chefe de Estado rejeitou sempre estes pedidos, tendo os 10 mil dólares sido sempre o valor que defendeu. Por outro lado, a oposição Republicana considera que este cancelamento é injusto por responsabilizar os contribuintes pelas dívidas e acusam a Casa Branca de passar por cima do Congresso.

Os media norte-americanos adiantam que Biden esperou até agora para avançar com a medida por recear o impacto que esta pode ter na inflação. No entanto, os conselheiros do Presidente têm esperança de que o cancelamento ajude a mobilizar os eleitores, que se poderiam sentir traídos caso Biden não cumprisse a promessa.

A crise das dívidas estudantis é uma verdadeira epidemia na sociedade norte-americana. Quase um terço dos estudantes universitários nos EUA endividaram-se para poderem continuar os estudos, com o valor médio de dívida nos 40 mil dólares.

A dívida no país ultrapassa os 1,7 mil milhões de dólares e estima-se que 10 milhões do total de 43 milhões de devedores não estejam a cumprir os pagamentos, uma situação que foi agravada pela pandemia.

Adriana Peixoto, ZAP //

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