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Bento XVI afirma ter desmantelado lobby gay no Vaticano

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Mangouste35 / Wikimedia

O Papa Bento XVI em 2008

O Papa Bento XVI em 2008

O Papa emérito Bento XVI vai lançar o livro As Últimas Conversas, onde alega a existência de um “lobby gay” na Igreja, mas diz que o conseguiu neutralizar. E nega que foi pressionado a resignar.

De acordo com a Reuters, o Papa Emérito da Igreja Católica é o primeiro a publicar um balanço do seu próprio pontificado, num livro-entrevista com o jornalista alemão Peter Seewald, “Últimas Conversas“, que será publicado em setembro.

O jornal Corriere della Sera teve acesso ao livro e publicou na sexta-feira um longo artigo sobre o seu conteúdo, destacando o facto de Bento XVI ter reconhecido que lhe faltou determinação enquanto deteve o poder em Roma.

Joseph Ratzinger afirma que teve de intervir e “desfazer um grupo poderoso”, com pelo menos quatro ou cinco homossexuais que faziam parte da Cúria e tentavam influenciar decisões e manipular as decisões da Santa Sé.

Embora o Vaticano nunca tenha especificado, a maioria dos observadores e analistas da Santa Sé considera que os membros desse alegado lobby, mais do que promover mudanças na postura da Igreja sobre a homossexualidade, encobriam-se uns aos outros e procuravam avançar a progressão das suas próprias carreiras na Cúria romana.

O Papa Francisco, eleito em março de 2013, garantiu que, apesar de “tanto se ter escrito sobre o lobby gay” ainda não tinha “encontrado ninguém no Vaticano com um documento a dizer gay”.

“Dizem que há lá alguns, mas eu acredito que quando falamos com um pessoa que o seja devemos distinguir entre o facto de essa pessoa ser gay e o facto de alguém estar a formar um lobby, porque nem todos os lobbies são bons”, afirmou.

Vatileaks

É também a primeira vez que Bento XVI se refere ao escândalo conhecido como “Vatileaks“, que é apontado como uma das razões que o levaram à renúncia.

Em 2012, altura em que um mordomo do Papa entregou documentos a um jornalista italiano, falou-se da existência do lobby que suportavam esquemas de corrupção e esquemas dentro da Igreja Católica.

Joseph Ratzinger, que vive desde 2013 num convento nos jardins do Vaticano, afirma que ninguém o pressionou a deixar a chefia da Igreja Católica, e garante que foram os motivos de saúde que o levaram a renunciar, algo que não acontecia no Vaticano há 600 anos.

Bento XVI refere ainda as dificuldades que se lhe apresentaram quando tentava mexer naquilo a que chama a “porcaria na Igreja”, aludindo a questões como a pedofilia e abusos sexuais praticados por membros do clero.

Sobre a corrupção no banco do Vaticano ou os escândalos de pedofilia, o anterior Papa admite que “não foi suficientemente determinado” na forma como tentou renovar a Igreja – uma preocupação que se tornou central no Conclave que elegeu Francisco.

Segundo o Corriere della Sera, Bento XVI diz que manteve um diário durante todo o tempo do seu pontificado mas que o irá destruir antes de morrer, apesar de reconhecer que representaria uma “oportunidade de ouro” para os historiadores.

O livro “Bento XVI: As últimas conversas” (The Last Conversations), com mais de 200 páginas, tem data de lançamento marcada para 9 de setembro.

ZAP

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