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Matemática do canibalismo prova benefícios de comer os próprios filhos

O canibalismo filial é o ato de comer as próprias crias. Por chocante que pareça, cientistas descobriram um possível benefício para esta horrenda prática, que já foi documentada em várias espécies de animais.

Um estudo publicado esta quarta-feira, na revista Ecology and Evolution, retrata uma visão diferente do canibalismo filial. No âmbito do estudo, uma equipa de investigadores usou um modelo matemático para provar que, em alguns casos, sacrificar algumas crias para que as outras possam viver é uma forma de cuidado parental.

Hope Klug, professora associada da Universidade do Tennessee, contou à Inverse que a sua equipa começou a investigação por se perguntar a si mesma o porquê de tantos animais abandonarem as suas crias — ou até mesmo comê-las.

“Do ponto de vista evolucionário, isso é realmente desconcertante, porque é difícil imaginar como o abandono ou o canibalismo filiar pode persistir numa população”, disse Klug. Colocou-se então a hipótese de que comer as crias, pode ajudar os restantes descendentes e “foi isso que verificamos”, explicou o cientista.

A prática de canibalismo filial é comum em várias espécies, desde ursos, cães e ratos. No entanto, é mais comum em espécies que põe ovos juntos, como os peixes, os insetos, os répteis e os anfíbios. A equipa de Klug focou-se especialmente nestas espécies.

De acordo com os resultados do estudo, compartilhar um ninho tem os seus prós e contras. Por um lado é mais fácil proteger, limpar, incubar e alimentar os ovos. Por outro lado aumenta a probabilidade de transmissão de doenças e competição por comida e oxigénio.

Menos crias significam uma maior hipótese de viverem e, para verificarem esta premissa, os cientistas usaram um modelo que consistia na introdução de um animal com uma mutação, para canibalismo filial, numa população genérica. Klug explica que este tipo de canibalismo é parcialmente controlado por um ou mais genes.

Com isto, descobriram que o canibalismo filial foi benéfico para os descendentes que sobreviveram. Mais ovos resultaram em mais canibalismo, o que resultou numa maior aptidão física. As crias dos canibais conseguiram competitivamente superar e substituir a população genérica.

O canibalismo filial pode acontecer por várias razões, segundo Klug, mas para sua surpresa, não esperava que influenciasse a sobrevivência das outras crias. “Do ponto de vista biológico, é realmente interessante que possa haver uma série de fatores que levam à origem evolutiva e à manutenção desse comportamento”, explica a responsável pelo estudo.

A “Escolha de Sofia”, aparentemente, foi inspirada na Natureza.

ZAP //

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