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Bebés entendem as hierarquias sociais (e esperam que líderes corrijam injustiças)

SXC

Os bebés entendem as hierarquias sociais e esperam que os líderes corrijam uma situação quando alguém quebra as regras, de acordo com um novo estudo.

De acordo com a Newsweek, os cientistas colocaram 120 bebés com apenas 17 meses a ver um teatro de fantoches com três ursos, que representavam o infrator, o protagonista e a vítima, respetivamente, em diferentes cenários.

O protagonista presenteava os outros ursos com dois brinquedos para partilharem, sendo que o infrator ficava sempre com ambos. O primeiro urso reagia então de duas formas: intervia e devolvia um dos brinquedos à vítima; ou ignorava a situação, não devolvendo o brinquedo. Em alguns casos, o protagonista foi apresentado como líder devido ao seu comportamento ou pistas físicas, enquanto que noutros inferia-se que todos eram iguais.

O artigo que relata os resultados da experiência, publicado esta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), permitiu tirar algumas conclusões sobre a compreensão dos bebés sobre hierarquias sociais.

As crianças que viam o líder a não intervir focavam o seu olhar “significativamente mais tempo, sugerindo que esperavam que o líder interviesse e retificasse a transgressão do infrator”, escrevem os autores do estudo.

Quando nenhum urso assumia o papel de liderança, as crianças olhavam de forma igual para o que estava a acontecer. Os investigadores acreditam que se deve ao facto de as crianças não terem expectativas de membros específicos quando não há sugestão de uma hierarquia social.

(dr) Renée Baillargeon

“As crianças também olhavam mais para o infrator do que para a vítima quando o líder ignorou a transgressão, como se algo sobre o malfeitor explicasse a relutância do líder em corrigi-la”, dizem ainda.

Noutro exemplo, quando um urso dizia que não queria um brinquedo, e o outro tirava os dois, os bebés ficavam mais tempo a olhar fixamente quando o líder garantia que cada um ficava com o seu.

“Era como se as crianças entendessem que, neste caso, não havia transgressão, mas consideravam excessivo o líder redistribuir um dos brinquedos a um urso que tinha deixado claro que não o queria”, afirmou Maayan Stavans, autora do estudo e estudante de doutoramento de Psicologia na Universidade Bar Ilan, em Israel.

“Estudos anteriores sugeriam que as crianças desta idade têm ideias específicas sobre como os seguidores se comportam em relação aos seus líderes. Agora vemos que também têm expectativas complementares sobre como os líderes se comportam em relação aos seus seguidores”, explica à Newsweek Renée Baillargeon, co-autora e professora de Psicologia da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.

Questionada sobre quais as conclusões que os pais podem tirar deste estudo, Stavans sugere: “Considerando que os pais e outras figuras de autoridade têm um grande impacto em moldar o pensamento das crianças, o melhor que podemos fazer é comportarmo-nos de forma consistente com essas expectativas iniciais, logo não devemos introduzir nos nossos filhos exemplos confusos e, inadvertidamente, mudar a forma como concebem os líderes e o modo como se comportam ao chegar a posições de liderança mais tarde”.

ZAP //

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