Foi (finalmente) provado que o cérebro das crianças se desenvolve melhor longe dos ecrãs

Manter as crianças longe do iPad e encorajá-las a correr e apanhar ar fresco pode ajudar o desenvolvimento do seu cérebro a longo prazo.

Um novo estudo concluiu que atividade física regular e menos tempo de ecrã é fundamental para desenvolver a função executiva de uma criança, incluindo a capacidade de prestar atenção, alternar entre tarefas, e tomar boas decisões.

O estudo mostra também que crianças com cerca de dois anos que passaram menos de uma hora por dia em aparelhos eletrónicos e que praticaram exercício diariamente apresentaram melhores capacidades cognitivas que as que não o fizeram, segundo os cientistas da Universidade de Illinois Urbana-Champaign.

“A função executiva está subjacente à sua capacidade de se envolverem em comportamentos orientados por objetivos“, explica Naiman Khan, professor de cinesiologia e de saúde comunitária, citado pela Study Finds.

“Inclui capacidades como o controlo inibitório, que lhes permite regular os pensamentos, emoções e comportamentos; memória de trabalho, através da qual são capazes de manter a informação o tempo suficiente para realizar uma tarefa; e flexibilidade cognitiva, a habilidade com que troca a sua atenção entre tarefas ou exigências concorrentes”, acrescenta o docente.

Os resultados vão de acordo com as recomendações de dieta e de atividade física da Academia Americana de Pediatria (AAP). As diretrizes aconselham menos de 60 minutos diários com ecrãs, atividade física diária, cinco ou mais porções de frutas e vegetais por dia e evitar bebidas açucaradas.

Estudos anteriores revelaram que as crianças que aderiram às recomendações da AAP mostraram uma melhor função executiva na adolescência. A equipa procurou descobrir quando é que esta relação começa, e se é logo na idade infantil.

Os 356 bebés analisados no estudo, publicado a 23 de agosto no The Journal of Pedriatics, fizeram parte de um projeto separado chamado “STRONG KIDS 2”, que inclui a análise dos fatores que influenciam os hábitos alimentares e o peso de uma criança, desde o nascimento até aos cinco anos.

Os investigadores fizeram inquéritos aos pais ou responsáveis pelas crianças e obtiveram dados sobre os bebés, recolhidos durante cinco anos.

Os pais preencheram um inquérito sobre os comportamentos dos filhos, tais como o tempo médio que passam em frente a ecrãs, o quão fisicamente ativos são, que tipo de alimentos comem no quotidiano, e se bebem muitas bebidas açucaradas.

No inquérito também estavam incluídas perguntas sobre a função executiva das crianças. Estas perguntas relacionavam-se com o processo de pensamento, gestão das respostas emocionais, controlo de impulsos, memória, e atenção entre tarefas.

O estudo revela uma relação indireta entre o tempo do ecrã e a função executiva das crianças. Mais especificamente, crianças com menos de uma hora de ecrã por dia têm mais probabilidade de controlar as suas respostas cognitivas, do que aquelas que passaram a maior parte dos seus dias a olhar para telefones ou televisões.

“Tinham maior controlo inibitório, melhor memória de trabalho e melhor função executiva global”, realça Arden McMath, estudante de pós-graduação da Universidade de Illinois Urbana-Champaign e co-autora do estudo.

As crianças que praticaram atividade física diária também se saíram melhor em testes que envolviam memória de trabalho. No entanto, não foi encontrada qualquer relação entre o peso de uma criança ou a função executiva.

“A influência do envolvimento em comportamentos saudáveis nas capacidades cognitivas parece ser evidente na primeira fase da infância, particularmente para os comportamentos que envolvem atividade física e tempo sedentário”, conclui Khan.

Alice Carqueja, ZAP //

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