O Banco de Portugal (BdP) prevê que a taxa de desemprego atinja 7,2% em 2021, recuando para 7,1% em 2022 e 6,8% em 2023, e que o emprego cresça 1,3% este ano.
No Boletim Económico de junho, divulgado esta quarta-feira, o BdP assinalou que os 7,2% de taxa de desemprego que projeta para este ano traduz um aumento face ao valor observado em 2020 (7,0%), referindo, contudo, tratar-se de um “valor bastante inferior ao observado durante as duas recessões anteriores”, noticiou a agência Lusa.
Em março, quando apresentou as primeiras projeções para 2021-2023, esperava que a taxa de desemprego subisse este ano para os 7,7%, apontando para descidas nos dois anos seguintes, com a taxa a fixar-se em 7,6% e 7,2% em 2022 e 2023, respetivamente.
“A trajetória de redução da taxa de desemprego será condicionada pela recuperação mais lenta de atividades mais afetadas pela pandemia, que tendem a ser intensivas em trabalho”, sublinhou o documento, apontando que os dados do desemprego até abril de 2021 mostram que o desemprego aumentou face aos valores pré-pandemia e se mantém elevado sobretudo no alojamento e restauração, no comércio e nos serviços de apoio.
A instituição liderada por Mário Centeno considerou que os setores mais dinâmicos poderão absorver estes trabalhadores, defendendo que este processo de reafetação de recursos entre setores de atividade deve ser apoiado pelas políticas públicas. Uma solução que, sublinhou, poderá ajudar a “mitigar dificuldades de reemprego de alguns indivíduos”.
De acordo com as projeções divulgadas, espera que o emprego aumente 1,3% em 2021, valor que reflete uma revisão em alta face aos 0,3% divulgados em março. Para 2022 e 2023, as novas projeções apontam para crescimentos de 1,3% e 0,4%, respetivamente. Em março, os valores apontavam para 1,6% e 0,5% em 2022 e 2023, respetivamente.
No Programa de Estabilidade, conhecido em abril, o Governo indicou que espera que a taxa de desemprego suba para 7,3% em 2021, para recuar para 6,7% em 2022 e para 6,4% um ano depois.
O Boletim referiu ainda que os salários apresentam um crescimento médio de 2,3% em 2021-23, após uma variação de 2,9% em 2020 e de 3,7% em 2018-19, crescendo de forma mais moderada do que no período pré-pandemia.
“A persistência de margens de subutilização do emprego reflete-se num crescimento mais contido dos salários”, apontou o documento, notando que a recuperação de empregos com salários mais baixos gerar efeitos composição negativos sobre os salários totais.
O BdP projeta que o rendimento disponível real cresça 1,3% em média em 2021-23, “em resultado da recuperação do emprego e dos salários”.
BdP revê em alta crescimento para 4,8% em 2021
O BdP prevê ainda que a economia portuguesa cresça 4,8% em 2021, acima do projetado anteriormente, apontando para expansões de 5,6% em 2022 e de 2,4% em 2023.
Com as novas projeções, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é revisto em alta em 0,9 pontos percentuais em 2021 e em 0,4 pontos percentuais em 2022, face às anteriores previsões de março, com o BdP a estimar que a economia recupere o nível de 2019 na primeira metade de 2022.
No Boletim, o BdP justificou esta revisão com as “perspetivas mais positivas para a atividade no curto prazo, essencialmente relacionadas com a melhoria da confiança dos agentes económicos, que se traduz numa reação mais rápida do que esperado da atividade económica ao levantamento das restrições a partir de março de 2021”.
Segundo o documento, a recuperação da economia é “impulsionada no segundo trimestre de 2021 pela procura interna, em particular pelo consumo privado”. Contudo, no segundo semestre de 2021 e em 2022, “o contributo das exportações é mais significativo”, refletindo a recuperação na componente dos serviços.
Já em 2023, a procura interna e as exportações apresentam contributos semelhantes para o crescimento da atividade, acentua o BdP que espera que o consumo privado retome em 2022 os níveis registados antes da pandemia.
As previsões do Governo apontam para uma expansão do PIB de 4,0% em 2021, seguido de crescimentos de 4,9% em 2022 e de 2,8% em 2023.
Em maio, em entrevista à Lusa, o ministro das Finanças, João Leão, disse que Portugal poderá crescer até 5% este ano, acima dos 4% esperados no Programa de Estabilidade.
// Lusa