“Só podem vir reforços se vierem de borla”, assegurou o presidente do clube catalão. Mas, entretanto, algo mudou.
Raphinha foi apresentado nesta sexta-feira como reforço mais recente do Barcelona para a temporada 2022/23.
Mais um brasileiro na história do clube espanhol e este representa o regresso do “jogo bonito”, de acordo com o presidente Joan Laporta.
O ex-Leeds United jogou pelo Vitória de Guimarães durante três épocas e pelo Sporting durante uma temporada – e nos cinco jogos iniciais da época seguinte.
A chegada de Raphinha a Barcelona teve um episódio caricato, na quarta-feira: um primo do futebolista (e relativamente parecido) saiu primeiro do aeroporto, de propósito; os jornalistas ficaram “em cima” desse primo para, mais tarde, Raphinha sair tranquilamente do aeroporto.
Os valores do negócio entre espanhóis e ingleses não foram divulgados mas estima-se que o Barcelona pague 58 milhões de euros ao Leeds. O investimento pode chegar aos 67 milhões de euros, mediante alguns objectivos.
Como? O Barcelona a pagar quase 60 milhões de euros por um reforço?
Alguns leitores do ZAP podem ter feito esta pergunta agora porque lembram-se da crise financeira (algo prolongada) do clube catalão e lembram-se de uma frase bem recente, dita pelo presidente.
Ainda há pouco mais de um mês, Joan Laporta foi questionado sobre a possibilidade do regresso de Lionel Messi ou de Neymar a Camp Nou.
A sua resposta foi, de novo: “Todos esses jogadores, se voltarem ao Barcelona, terão de vir a custo zero. Não estamos em condições de contratá-los”.
As chegadas de Andreas Christensen, ex-Chelsea, e Franck Kessié, proveniente do AC Milan, confirmaram essas palavras: ambos vieram a custo zero porque tinham terminado os respectivos contratos.
Mas agora chega Raphinha, que custou muito dinheiro – demasiado dinheiro, de acordo com alguns especialistas, que não consideram que o brasileiro vale realmente 58 milhões de euros.
O que mudou?
O que mudou é que está a chegar dinheiro a Barcelona.
Mesmo no final de Junho, há duas semanas, o Barcelona anunciou que vendeu 10% dos benefícios económicos dos direitos televisivos dos jogos realizados em casa, para o campeonato espanhol.
O negócio com a Sith Street, empresa de investimentos, rende ao clube 207.5 milhões de euros. É uma parceria a longo prazo: acordo até 2047.
O clube deixa assim de gerir a totalidade dos seus direitos televisivos – mas esta venda vai permitir fechar as contas deste ano com saldo positivo.
O próprio Laporta explicou o que o clube estava a fazer: “Estamos a activar as alavancas económicas e a executar a nossa estratégia paciente, sustentável e eficiente para fortalecer a base financeira do clube”.
E vêm aí mais “alavanca económica”, lembra a rádio Cadena SER.
Duas semanas antes deste negócio, a meio de Junho, os sócios aprovaram em assembleia-geral (que durou mais de três horas) a venda de, no máximo, metade da BLM – Barça Licensing & Merchandising.
A BLM, que pertence ao clube, é no fundo a sociedade que gere os produtos oficiais do Barcelona e um quarto dos direitos televisivos.
Esta venda vai atingir, esperam os responsáveis catalães, a um encaixe financeiro de 200 milhões de euros.
Tudo junto, se não surgirem imprevistos, vai render mais de 400 milhões de euros ao Barcelona, a curto prazo.
Por falar em dinheiro, Raphinha ficou com uma cláusula de rescisão de 1.000 milhões de euros.