As baleias usam chapéus feitos de algas. Brincadeira ou spa?

Wikimedia Commons

Uma baleia a fazer “kelping”, o ato de brincar com algas

As baleias gostam de se “roçar” nas algas e, especialmente, de as ter na cabeça. Agora, um novo estudo tenta explicar o kelping — um fenómeno que fascina os investigadores há anos.

Brincadeira ou skincare? Talvez os dois.

Depois de descobertas as suas canções, saltos e fascinantes métodos de caça, os investigadores e amantes das baleias estão a tentar desvendar um outro comportamento peculiar dos animais.

Vários exemplares têm vindo a ser avistados não só a brincar com algas, mas também a “roçar-se” nelas e a usá-las como chapéu, segundo novo estudo publicado a 15 de setembro no Marine Science and Engineering.

O fenómeno global a que os autores chamam “kelping” — em homenagem às algas Laminariales da classe Phaeophyceae conhecidas como kelp — tem sido partilhado incessantemente nas redes sociais em que se veem baleias-jubarte a “brincar” com pedaços de algas — por vezes durante mais de meia hora, segundo o co-autor do estudo, Olaf Meynecke.

O fenómeno não é novo e já tem vindo a ser documentado desde 2007 em vários tipos de baleias — rapidamente a equipa verificou que não é acidental, até porque as algas não se colam ao corpo das baleias, mas têm na verdade um efeito escorregadio.

De acordo com o National Geographic, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, as baleias preferem mesmo usar as algas na cabeça: segundo o novo estudo, estes chapéus correspondem mesmo a mais de metade das ocorrências.

A baleia-cinzenta, por exemplo, é conhecida pela sua vontade de se “coçar” em barcos das proximidades. Sem mãos para o fazer, “talvez procurem outras sensações táteis que simplesmente sabem bem”, confessa Hedi Pearson, bióloga marinha da Universidade do Alaska: a proximidade das algas “é como uma massagem” para as baleias, acredita.

Baleias no spa?

O recurso às algas como forma de tratamento de pele é outra hipótese explicativa colocada pelos investigadores.

As algas têm propriedades antimicrobianas que reduzem significativamente a quantidade de bactérias e parasitas. Roçar-se nas algas é uma forma da baleia evitar o surgimento de piolhos marinhos e infeções graves.

Muitas vezes, os autores atentos repararam que a baleia tenta inclusive fazer a alga chegar a zonas mais “escondidas” dos lábios, servindo como “fio dental”.

A recolha de provas do fenómeno através de drones — também por parte da comunidade não científica — ajuda os investigadores a entender melhor o que as baleias tentam fazer com as algas.

Tomás Guimarães, ZAP //

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