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Esta bactéria sobreviveu do lado de fora da EEI durante um ano inteiro

(dr) Tetyana Milojevic / Universität Wien

A bactéria Deinococcus radiodurans depois de um ano no Espaço

Sobreviver no Espaço não é pêra doce, afinal, este é um lugar onde a radiação ultravioleta, o vácuo, as grandes flutuações de temperatura e a microgravidade são ameaças iminentes. Mas, ao que tudo indica, temos uma campeã.

De acordo com o site Science Alert, a bactéria Deinococcus radiodurans continuou viva, depois de um ano a viver na Exposed Facility, plataforma continuamente exposta ao ambiente espacial que se situa por fora do módulo pressurizado da Estação Espacial Internacional (EEI).

Neste caso, as células bacterianas estavam atrás de uma janela de vidro que bloqueava a luz ultravioleta em comprimentos de onda inferiores a 190 nanómetros.

“Os resultados apresentados neste estudo podem aumentar a consciência sobre as preocupações com a proteção planetária como, por exemplo, a atmosfera marciana, que absorve radiação ultravioleta abaixo de 190-200 nanómetros“, escreveu a equipa de investigadores no estudo publicado, a 29 de outubro, na revista científica Microbiome.

“Para imitar esta condição, a nossa configuração experimental na EEI incluiu uma janela de vidro de dióxido de silício”, acrescentam.

Este não é o período de tempo mais longo que a D. radiodurans foi mantida nestas condições. Já houve uma amostra desta bactéria que foi lá deixada durante três anos. Mas, como escreve o mesmo site, os cientistas não estavam a tentar bater um recorde. Estavam, sim, a tentar perceber o que faz com que esta bactéria seja tão boa a sobreviver nestas condições extremas.

Logo, depois de um ano de radiação, temperaturas escaldantes e geladas e sem gravidade, a equipa trouxe as bactérias espaciais de volta à Terra, reidratou tanto o grupo de controlo que passou o ano cá como a amostra da Órbita Terrestre Baixa, e comparou os seus resultados.

A taxa de sobrevivência foi muito mais baixa para as bactérias da Órbita Terrestre Baixa em comparação com a versão de controlo, mas as bactérias que sobreviveram pareciam estar bem, mesmo que se tivessem tornado um bocadinho diferentes das suas ‘irmãs terrestres’.

A equipa descobriu que as bactérias da Órbita Terrestre Baixa estavam cobertas por pequenas saliências, que uma série de mecanismos de reparo tinha sido acionada e que algumas proteínas e mRNAs tornaram-se mais abundantes.

Os cientistas não têm a certeza do porquê destas saliências se terem formado, mas têm algumas ideias.

“A vesiculação intensificada após a recuperação da exposição à Órbita Terrestre Baixa pode servir como resposta rápida ao stress, o que aumenta a sobrevivência das células ao retirar os produtos do stress”, escreveu a equipa no mesmo artigo.

“Além disso, as vesículas da membrana externa podem conter proteínas importantes para a aquisição de nutrientes, transferência de ADN, transporte de toxinas e moléculas dependentes de quórum, provocando a ativação de mecanismos de resistência após a exposição espacial”, acrescenta.

“Estas investigações ajudam-nos a entender os mecanismos e processos pelos quais a vida pode existir fora da Terra, expandindo o nosso conhecimento sobre como sobreviver e adaptar-se no ambiente hostil do Espaço sideral”, afirma Tetyana Milojevic, bioquímica da Universidade de Viena, na Áustria, e uma das autoras do estudo.

“Os resultados sugerem que a sobrevivência da D. radiodurans na Órbita Terrestre Baixa durante um período mais longo é possível devido ao seu sistema de resposta molecular eficiente e indicam que viagens ainda mais longas e mais distantes são alcançáveis para organismos com tais capacidades”, conclui.

ZAP //

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