Kommersant

Yulia Maslakova: de mulher do motorista a Presidente da Câmara
O plano de reeleição de um presidente da câmara russo saiu pela culatra quando a sua oponente “fictícia”, a mulher do seu motorista pessoal, ganhou.
Na esperança de garantir um quarto mandato sem oposição, Yevgeny Pistsov, que liderava a cidade de Yekaterinburg desde 2011, terá conseguido que apenas aparecesse no boletim de voto, além do seu nome, o de Yulia Maslakova — uma funcionária municipal e mulher do seu motorista pessoal.
A expetativa era, claro, que Maslakova não representasse uma ameaça, mas a candidata fictícia, escolhida a dedo… ganhou.
Tudo aconteceu depois de o conselho municipal, descontente com Pistsov, procurar bloquear o seu regresso. No passado dia 30 de janeiro, numa votação simbólica de protesto, o conselho elegeu Maslakova por esmagadora maioria, atribuindo-lhe 17 votos contra seis de Pistsov.
Maslakova, desesperada, tentou retirar a sua candidatura antes da votação, mas foi-lhe dito que não podia sair da corrida depois de a lista final ter sido finalizada pela comissão de seleção, numas eleições em que o sistema de voto não direto, implementado em 2015, substituiu as eleições populares por um processo em que o conselho municipal seleciona um presidente da câmara a partir de uma lista restrita aprovada por uma comissão de seleção, adianta o Meduza.
A comissão, composta por representantes do governador regional e do conselho local, só aprovou dois candidatos: Pistsov e Maslakova.
Maslakova, claramente apanhada de surpresa pela sua vitória, recusou-se a aceitar o cargo citando a atmosfera política tensa da cidade. Recusou participar na sua tomada de posse em meados de fevereiro e apresentou uma ação judicial contra o conselho municipal. A sua equipa jurídica argumentou que a nomeação forçada lhe impunha um stress e responsabilidades indevidos. E nunca compareceu em tribunal.
A 19 de março, o Tribunal da Cidade de Berezovsky deu razão a Maslakova, anulando os resultados das eleições. Pistsov, saiu derrotado na votação, mas permanecerá presidente da câmara em exercício até à realização de novas eleições.
Entretanto, Maslakova continua a exercer as suas funções governamentais, e o seu marido continua a trabalhar como motorista de Pistsov. Um caso surreal e sem precedentes na Rússia.
ahahahahah. Os Aldraboes PERDEM sempre!
A democracia por vezes funciona na Rússia!