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Anel de Fogo do Pacífico
Num novo estudo, investigadores encontraram uma relação causal entre a atividade sísmica e o calor solar — que impulsiona mudanças na temperatura atmosférica, que por sua vez podem afetar fatores como as propriedades das rochas e o movimento das águas subterrâneas.
A sismologia revelou muitos dos princípios básicos sobre os terramotos: as placas tectónicas movem-se, causando a acumulação de energia de deformação, e essa energia acaba por ser libertada sob a forma de um terramoto.
No entanto, no que diz respeito à sua previsão, ainda há muito a aprender até podermos evacuar cidades antes de catástrofes como o terramoto de magnitude 9,0 de Tōhoku, em 2011, que, além de causar um tsunami que levou ao desastre nuclear de Fukushima, resultou em mais de 18.000 mortes.
Nos últimos anos, as pesquisas têm-se concentrado numa possível correlação entre o sol ou a lua e a atividade sísmica na Terra, e alguns estudos apontam para forças de maré ou efeitos eletromagnéticos que interagem com a crosta, o núcleo e o manto do planeta.
Em 2022, o cientista informático Matheus Junqueira Saldanha e colegas da Universidade de Tsukuba, no Japão, descobriram pela primeira vez uma ligação entre a atividade solar e sísmica.
Nese primeiro estudo, os investigadores relacionaram a atividade solar, particularmente o número de manchas solares, com os sistemas sísmicos da Terra, para estabelecer um efeito causal.
Num novo estudo, publicado em março na revista Chaos, Junqueira Saldanha e os colegas exploraram agora a probabilidade de que o clima da Terra, afetado pelo calor solar, tenha um papel importante nestes eventos sísmicos.
“O calor solar impulsiona mudanças na temperatura atmosférica, que por sua vez podem afetar coisas como as propriedades das rochas e o movimento das águas subterrâneas”, diz Junqueira Saldanha num comunicado.
“Essas flutuações podem tornar as rochas mais frágeis e propensas a fraturas, por exemplo — e mudanças na precipitação e no derretimento da neve podem alterar a pressão nas fronteiras das placas tectónicas”, explica o geólogo brasileiro.
“Embora esses fatores possam não ser os principais impulsionadores dos terremotos, ainda podem desempenhar um papel que ajuda a prever a atividade sísmica”, nota.
Usando métodos matemáticos e computacionais, os investigadores analisaram dados de terramotos juntamente com registos de atividade solar e temperaturas da superfície da Terra.
Entre outras descobertas, observaram que, quando incluíram as temperaturas da superfície da Terra no seu modelo, a previsão tornou-se mais precisa, especialmente para terramotos superficiais.
“Isto faz sentido, uma vez que o calor e a água afetam principalmente as camadas superiores da crosta terrestre”, realça Junqueira Saldanha.
As descobertas sugerem que a transferência do calor solar para a superfície da Terra afeta a atividade sísmica, ainda que minimamente, e que incorporar previsões da atividade solar em modelos detalhados da temperatura da Terra pode ajudar a emitir previsões de terremotos.
“É uma descoberta empolgante, e esperamos que nosso estudo traga alguma luz sobre o panorama geral do que desencadeia os terremotos”, conclui o geólogo
Não esquecer o vento… se quiserem explico porquê!
“O calor solar impulsiona mudanças na temperatura atmosférica, que por sua vez podem afetar coisas como as propriedades das rochas e o movimento das águas subterrâneas”
Que porra de influência é que a atmosfera pode ter no surgimento de sismos quando os seus epicentros se situam a vários quilómetros de profundidade?