As unhas têm uma inesperada precisão nas capacidades sensoriais — tão sensível como as pontas dos dedos, diz nova investigação. No entanto, nem sequer têm recetores táteis.
As nossas unhas possuem uma sensibilidade ao tato inesperadamente precisa — tão sensível que rivaliza com a da ponta dos dedos, revela nova investigação publicada esta quarta-feira na Proceedings of the Royal Society B.
Apesar de não possuírem recetores táteis, as unhas conseguem identificar com precisão a localização dos estímulos táteis.
A experiência
O estudo, que envolveu 38 participantes com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos, recorreu a duas experiências para explorar as capacidades sensoriais das unhas.
Os participantes foram divididos em dois grupos: aos elementos de um grupo foi pedido que indicassem onde sentiam um estímulo tátil na unha ou na ponta do dedo, marcando uma fotografia, enquanto o outro grupo recebia estímulos táteis com um filamento que aplicava uma pressão consistente.
A primeira experiência envolveu os dedos do meio, enquanto a segunda se centrou nos polegares.
Os resultados revelaram que os participantes conseguiam localizar o toque nas unhas praticamente com a mesma precisão que nas pontas dos dedos.
“Não se trata apenas do facto de as pessoas conseguirem perceber o toque aplicado na extremidade distal da unha”, escreve o neurocientista Matthew Longo, da Universidade de Londres, citado pelo Science Alert: “As pessoas conseguem dizer exatamente em que ponto da unha foi aplicado um estímulo”.
“Em ambos os casos, a localização exacta de um estímulo é percebida apesar da ausência de qualquer recetor tátil na própria superfície estimulada”, explica Longo.
Unha sente sem recetores. Mas como?
A pele humana contém mecanorrecetores, que respondem a vários estímulos como a temperatura e a pressão. Enquanto alguns recetores se ativam com uma pressão mínima, outros requerem impactos mais fortes para enviar sinais através dos nervos.
Curiosamente, os seres humanos também conseguem localizar o toque aplicado a objetos que seguram nas suas mãos, como as bengalas usadas por pessoas cegas.
Acredita-se que os mesmos mecanismos — ou semelhantes — possam estar em jogo nas extremidades das nossas unhas.
Os mecanorrecetores do corpúsculo de Pacini, localizados profundamente na camada da derme da nossa pele, detetam padrões de vibração em vastas regiões e ajudam-nos a compreender a localização tátil das ferramentas — e podem também estar a codificar a informação sensorial das nossas unhas.
Serão necessárias mais investigações para concluir se as unhas são, de facto, contribuintes para a destreza humana — e se temos a mesma sensibilidade nas unhas dos pés.
“Também será interessante determinar se esta capacidade é específica das unhas das mãos ou se os estímulos tácteis também podem ser localizados com precisão nas unhas dos pés”, sugere Longo.