Vai ser possível produzir combustível e adubo reciclando as águas dos esgotos. A nova técnica – mais amiga do ambiente – vai transformar as águas residuais em amoníaco e subprodutos limpos.
Chegou uma nova técnica revolucionária para transformar as águas residuais em amoníaco e subprodutos mais amigos do ambiente.
Apresentada num estudo publicado esta segunda-feira na Nature, esta abordagem inovadora consome muito menos energia do que o método tradicional de produção de amoníaco – amplamente utilizado em várias indústrias, incluindo a agricultura e a refrigeração.
A agricultura, os sistemas de refrigeração, o papel, os produtos de limpeza e outras indústrias utilizam centenas de milhões de toneladas de amoníaco todos os anos. Como nota a New Scientist, atualmente, a produção convencional de amoníaco é responsável por 2% do consumo global de energia e por 1,4% das emissões de CO2.
Mas graças a uma nova técnica o cenário muda. E como? Através de um reator que opera à temperatura ambiente, a água contaminada é transformada eletroquimicamente em amoníaco, água purificada e oxigénio.
Este processo não requer ingredientes adicionais, além das águas dos esgotos. A água resultante é suficientemente limpa para cumprir os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS) para água potável.
Diferente de tentativas anteriores, onde eram necessários aditivos para viabilizar a reação, o novo reator utiliza um material poroso na câmara intermédia que dispensa o uso de sais extras, permitindo o tratamento direto das águas residuais.
Em testes laboratoriais, o reator processou 100 mililitros de água em cerca de uma hora e manteve desempenho estável durante 10 dias consecutivos.
Embora o dispositivo ainda não tenha sido testado em águas residuais reais, o líder da investigação, Feng-Yang Chen, da Universidade de Rice, no Texas, acredita que, no futuro, poderá ser usado por empresas e explorações agrícolas para reciclar águas residuais localmente.
O objetivo é que as quintas possam usar reatores alimentados por energia solar ou eólica para produzir e reutilizar amoníaco diretamente no local: “Esse é o meu maior sonho”, disse Chan, citado pela New Scientist.