Algumas espécies têm cristas faciais tão elevadas e próximas umas das outras que os grãos de areia não cabem entre elas — um indicador de que protegem as formigas de arranhões e lesões cutâneas.
Aparentemente, as características faciais das formigas não são insignificantes; têm, na verdade, aspetos que contribuem para a sua sobrevivência, verificou um estudo recentemente publicado na Myrmecological News.
Investigadores da Universidade Estadual de Kennesaw, na Geórgia, EUA, analisaram informações de cerca de 11 mil formigas, apenas um ano depois de testemunharmos a verdadeira face dos pequenos bichinhos.
As diferentes texturas e padrões encontrados nas caras das formigas oferecem-lhes algum tipo de vantagem, sugere o estudo, que observou que algumas espécies que habitam o solo têm cristas faciais (semelhantes a impressões digitais) tão elevadas e próximas umas das outras que os grãos de areia não cabem entre elas — um indicador de que as cristas protegem as formigas de arranhões e lesões cutâneas.
Mas o que surpreendeu os cientistas foi a descoberta de que as faces das formigas são detalhadas e variadas. Ao obter imagens de grande proximidade destas faces, o grupo criou categorias mais abrangentes para os padrões faciais, como liso ou pontilhado, que ajudaram não só a classificar as imagens, mas também a responder a questões sobre por que é que diferentes padrões evoluíram e qual o seu papel no comportamento destes animais.
Mapear as texturas faciais numa árvore evolutiva de géneros de formigas sugere que as linhagens modernas devem ter evoluído a partir de ancestrais com faces lisas. O artigo indica também que, desde a origem das formigas, há cerca de 160 a 140 milhões de anos, no início do Período Cretácico, várias texturas faciais surgiram, desapareceram e até ressurgiram.
No entanto, os investigadores enfatizam que texturas aparentemente idênticas podem não oferecer o mesmo benefício em diferentes espécies. De qualquer forma, é apenas o início: o próprio grupo reconhece que a confirmação de quaisquer benefícios potenciais dos padrões requer experimentação, em vez de apenas classificação de imagens.
Há muito tempo que estes insetos captam a atenção de especialistas. Em outubro passado, um estudo conseguiu reprogramar o cérebro das formigas e alterar a sua função na colónia. Outro estudo já mostrou que as formigas interagem ao vomitar umas nas outras.
ZAP // CanalTech