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Os cavalos marinhos possuem uma forte ligação entre casais, mas se ambos forem separados à força, estão mais do que dispostos a seguir em frente.
Segundo o Smithsonian, os cavalos marinhos machos levam o compromisso a sério, ajudando mesmo as suas parceiras com o fardo da gravidez.
Os investigadores têm também assumido que os cavalos marinhos fêmeas são igualmente dedicados.
No entanto, um novo estudo, publicado em julho, mostra que o seu empenho não é tão grande como o dos seus parceiros, como se pensava inicialmente.
Quando sujeitas a episódios de separação forçada, as fêmeas de cavalos marinhos aproveitam frequentemente a oportunidade para escolher um parceiro diferente, mesmo quando lhes é dada a opção de se reunirem com o seu ex-companheiro
Dong Zhang, investigador do East China Sea Fisheries Research Institute e autor principal do estudo, diz que, embora se soubesse que os laços entre casais de cavalos marinhos pudessem ser quebrados por períodos de separação, não se compreendia se essa relação poderia ser reparada.
Embora não seja particularmente romântico, a descoberta de que, muitas vezes, a relação não é reparada, faz sentido de uma perspetiva evolutiva competitiva.
Se a fêmea do cavalo marinho ainda preferisse o seu parceiro original, a outros machos concorrentes, explica Zhang, isto significaria que ela estaria a ignorar novas oportunidades de acasalar com um macho potencialmente mais apto.
Para compreenderem melhor as relações interpessoais dos cavalos marinhos, os investigadores colocaram espécies de ambos os sexos num tanque.
Após terem acasalado, o macho foi transferido para outro tanque durante quatro dias e substituído por outro, que acabou por acasalar com a fêmea.
O processo foi repetido com um último macho, antes dos quatro cavalos marinhos serem colocados no mesmo tanque, para observar qual é que a fêmea escolheria. A equipa repetiu a experiência com 24 pares de acasalamento, no total.
Em quase todos os casos, as fêmeas não demonstraram uma preferência clara pelo seu parceiro original.
Enquanto Zhang e os co-autores admitem que isto pode ser devido ao facto da fêmea não reconhecer o seu parceiro após tantos dias de intervalo, o mais provável é que o período de separação forçada tenha nivelado o campo de jogo entre os machos concorrentes que, de outra forma, teriam cimentado a sua ligação com a fêmea através de rituais diários.
Os laços entre os parceiros originais enfraqueceram, levando a fêmea a considerar outras opções.
Para Heather Koldewey, especialista em cavalos marinhos da Sociedade Zoológica de Londres em Inglaterra, a experiência fornece uma visão valiosa do quão precárias podem ser as vidas destes peixes.
Sempre que o habitat de um cavalo marinho é perturbado, seja pela pesca, poluição, ou alterações climáticas, “está-se a desafiar ainda mais a sua capacidade de encontrar o companheiro certo e de manter essa ligação e procriação com sucesso e de permitir que essas populações persistam”, alerta Koldewey.
Zhang pretende agora estudar melhor outras questões relacionadas com a separação forçada, nas relações entre cavalos-marinhos, tais como se os machos ajustam o seu investimento em cuidados parentais, ou se aumentam a sua atratividade de acasalamento na ausência de um antigo rival.
Koldewey, entretanto, gostaria de entender se a nova escolha de acasalamento da fêmea possui ou não mais vantagens de reprodução. “É o que seria de esperar”, refere. “Caso contrário, porquê fazer essa troca?”