As plantas caçam em grupo

Ruedi Haeberli

Gramíneas pioneiras conquistam areia vulcânica

Algumas plantas são capazes de ocupar espaços desabitados como dunas de areia e substratos vulcânicos, unindo-se para aumentar a disponibilidade de recursos no solo. Estes primeiros colonizadores possuem características específicas que lhes permitem crescer em diversos ambientes.

Num novo estudo, uma equipa de cientistas criou um modelo que relaciona o tipo de interação entre estas espécies com a disponibilidade geral de um recurso escasso no solo.

Num novo estudo, publicado o mês passado no New Phytologist, os investigadores analisaram a interação entre diferentes espécies nestas áreas recém-conquistadas com a ajuda de modelo matemático da fisiologia das raízes plantas.

Segundo o Phys.org, estas plantas interagem de diversas formas e apoiam-se frequentemente, mesmo sendo de espécies diferentes. Os cientistas denominam essa situação como facilitação.

Com a facilitação simbiótica, ambas as plantas apoiam-se mutuamente. Com a facilitação comensalística, a planta nutrida não afeta nem positiva nem negativamente o seu benfeitor.

O terceiro tipo de facilitação é designado por facilitação antagónica, onde o parceiro nutrido beneficia à custa do benfeitor. Este último deixa um recurso autoproduzido ao parceiro, mesmo que ele próprio o possa utilizar.

“O nosso estudo mostra que este tipo de interação entre espécies pode ocorrer na natureza”, diz o autor principal do estudo, Ricardo Martinez-Garcia.

Estas plantas pioneiras podem modificar o seu ambiente para aumentar a disponibilidade de certos recursos escassos do solo, como o azoto e o fósforo.

“O nosso modelo também mostra que as interações entre plantas são uma propriedade emergente da disponibilidade de recursos”, conclui o primeiro autor do estudo, Ciro Cabal.

“Verificou-se que em ambientes com uma disponibilidade de recursos baixa, a facilitação antagónica é a melhor estratégia. Esta também foi sugerida há algum tempo, mas até agora não foi suportada por dados experimentais ou modelos teóricos”.

Os resultados do modelo apresentado constituem um forte argumento para a existência de facilitação antagónica nestas áreas. Este tipo de interação existe não só nestas áreas, mas também noutros locais da natureza.

Soraia Ferreira, ZAP //

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