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As minas de criptomoedas podem minar a saúde global

As minas de criptomoedas podem ter efeitos nocivos para a nossa saúde. No entanto, a verdadeira dimensão do problema ainda é desconhecida, uma vez que a indústria tem dificultado as investigações.

Recentemente, vários relatórios expuseram as condições de vulnerabilidade vividas pelas comunidades no Texas, nos EUA, devido ao às minas de criptomoedas nas proximidades.

Os moradores dessas áreas tem denunciado que o barulho contínuo estava a causar problemas de saúde graves, como hipertensão, dores no peito e zumbidos, bem como perturbações do sono que podem levar a complicações como doenças cardiovasculares.

Segunda o Live Science, os níveis de ruído já terão atingido 72 decibéis (dB), superando consideravelmente o limite de 55 dB recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a proteção da saúde pública.

Estes incidentes reacenderam o debate sobre os riscos para a saúde associados à mineração de criptomoedas.

Num artigo publicado recentemente na JAMA, três cientistas compararam a situação ao “boom do petróleo digital”.

Nesse artigo, discutem-se as possíveis consequências nefastas das minas de criptomoedas não só para as comunidades próximas, mas também numa escala global, devido ao aumento do consumo de energia e, consequente, intensificação das alterações climáticas.

Mary Willis, coautora do artigo e professora de epidemiologia na Universidade de Boston (EUA), salienta que a procura de energia por parte das minas pode levar a uma maior dependência das centrais elétricas de pico, que funcionam frequentemente com combustíveis fósseis.

Estas centrais emitem poluentes que estão diretamente associados a doenças graves como acidentes vasculares cerebrais (AVC), problemas cardíacos e cancro do pulmão.

Os efeitos da exploração mineira não se limitam, no entanto, aos poluentes atmosféricos. A procura de combustíveis fósseis também aumenta as emissões de gases com efeito de estufa, agravando as alterações climáticas.

Isto inclui um aumento da propagação de doenças infecciosas e um maior número de mortes devido a fenómenos meteorológicos extremos.

A falta de dados de qualidade sobre os impactos das minas na saúde continua a ser um problema.

Em fevereiro de 2024, a Administração de Informações sobre Energia dos EUA lançou um sistema para rastrear o consumo de energia das minas de criptomoeda. A agência disse ter identificado 137 minas nos EUA.

No entanto, um mês depois, essa pesquisa foi interrompida, após um processo judicial iniciado pela indústria de criptografia, com o argumento de que o controlo do governo causaria “danos irreparáveis” à indústria.

Os autores do artigo publicado na JAMA estão agora concentrados em encontrar formas de localizar estas minas para melhor avaliar os seus impactos na saúde, numa tentativa de fundamentar as preocupações existentes com dados concretos.

ZAP //

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