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As Maldivas já estão condenadas, seguem-se Veneza e São Petersburgo

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As Ilhas Maldivas já não podem ser salvas da subida do nível das águas do mar

O nível global do mar sobe a um ritmo recorde, e está a subir mais rápido do que o esperado. As Maldivas já não podem ser salvas, seguem-se Veneza e São Petersburgo.

Segundo uma investigação recente de cientistas da Universidade de Harvard, nos EUA, durante os últimos 25 anos, o mar ganhou 250% mais espaço à terra firme do que nos anteriores 90 anos do século passado.

Em 2100, a água poderá elevar-se, a nível planetário, em dezenas de centímetros, o que significa que muitas ilhas e zonas costeiras serão em breve completamente inundadas.

O fenómeno é causado pela expansão térmica da água e fusão intensiva do gelo na Gronelândia e na Antártida Ocidental.

Estes processos têm origem na influência humana sobre o clima, afirma o climatologista Alexei Kokorin, coordenador do programa “O Clima e a Energia” do Fundo Mundial para a Natureza, World Wildlife Fund.

“Este é um facto sustentado também por investigadores russos, em particular pelos cientistas do Instituto de Oceanologia da Academia das Ciências da Rússia. O nível de água sobe, efectivamente, a uma velocidade maior. E o processo vai continuar e intensificar-se”, diz Korokin à RVR.

“Como resultado, no final deste século o nível global do mar vai subir cerca de 1 metro“, acrescenta o cientista.

A previsão para o próximo século é de que a agua suba mais um metro, se o impacto humano sobre o clima for minimizado, a três metros.

“Quanto a uma perspectiva a mais longo prazo, não se pode excluir uma subida de cinco a dez metros. Particularmente, se a humanidade continuar a ter este impacto sobre o sistema climático e reforçando o efeito estufa”, avisa Alexei Kokorin.

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Veneza e São Petersburgo enfrentam desafios muito sérios

Helsínquia desce, Oslo sobe

As consequências dessas mudanças serão dramáticas. Algumas áreas ficarão submersas, mas outras, pelo contrário, vão elevar-se acima do nível do mar.

A fusão do gelo polar fará com que a pressão do gelo sobre a placa tectónica diminua, e esta comece a movimentar-se. Hoje já é bem perceptível que por exemplo a cidade de Oslo, na Noruega, está a subir, enquanto Helsínquia, na Finlândia, está a descer, explica o climatologista.

“O oceano mundial irá subir de forma desigual. Nos trópicos, o processo será mais pronunciado do que nas latitudes norte, o que representa muito perigo para as pequenas ilhas tropicais e áreas baixas como o Bangladesh ou Shanghai“, diz Kokorin.

No entanto, a longo prazo, o desafio será muito grave para cidades como São Petersburgo e Veneza.

“Quando se trata do oceano, é preciso entender que todos os processos são muito lentos lá, há uma inércia. Os processos em curso actualmente vão prosseguir no oceano ao longo de uns 30 anos, isto é,  a camada superior do oceano vai continuar a aquecer por inércia, tornando-se cada vez mais quente e quente”, avisa Kokorin.

“Portanto, tudo o vai acontecer até aos meados do século XXI, já é inevitável. Por exemplo, infelizmente, as Maldivas já estão condenadas, estas ilhas já não poderão ser salvas. O destino de outras áreas dependerá das atitudes dos seres humanos”, conclui o climatologista.

Em 2015, todos os Estados deverão anunciar as obrigações que estão dispostos a assumir, num projecto para um novo tratado internacional que substituirá o Protocolo de Kyoto.

Mas todas as conferências internacionais anteriores sobre o clima terminaram, infelizmente, sem resultados.

ZAP / RVR

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