É “muito, muito invulgar” uma deportação de membros da UE sem uma condenação judicial. Mas foi o que aconteceu este ano, num caso que está a chocar os especialistas. É uma vitória para AfD?
Em outubro de 2024 houve na Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, uma grande manifestação pró-Palestina. Agora, dois irlandeses, um polaco e um norte-americano foram obrigados a abandonar o país até 21 de abril, sob pena de serem deportados.
Segundo conta a Euronews, o serviço de imigração de Berlim alertou o Departamento do Interior e do Desporto de Berlim de que a expulsão destes antigos ativistas, 3 deles cidadãos da União Europeia, podia ser ilegal, mas isso não impediu a decisão governamental: as autorizações de residência foram anuladas.
Não se sabe ao certo o que fizeram os manifestantes durante o protesto, que foi considerado controverso e teve a condenação da própria universidade, que o descreveu como um “ataque violento”, durante o qual “foram ameaçados verbalmente os funcionários” e “se recorreu à violência física”. O governo garante que existiram “danos materiais significativos”.
A comissão geral de estudantes da universidade, por outro lado, afirma que a presença e atuação violenta da polícia foi “excessiva”.
Só que o que está a indignar os observadores internacionais é o facto de nenhum deles ter sido condenado por qualquer crime — apenas um dos irlandeses foi chamado a tribunal, por chamar “fascista” a um polícia.
No The Guardian, o jornalista Hanno Hauenstein chama ao incidente de “um novo e arrepiante passo, assinalando a vontade da Alemanha de utilizar as opiniões políticas como fundamento para travar a migração”.
Alexander Gorski, advogado criminalista e de imigração que defende os 4 imigrantes, diz que é “muito, muito invulgar” um caso de deportação de cidadãos da UE sem uma condenação. A própria Comissão Europeia já comentou que a liberdade de circulação”é “um direito fundamental dos cidadãos da UE”.
Merz a dar espaço à AfD?
O jornalista alemão Hauenstein recorda que o partido de extrema-direita do seu país obteve 20% dos votos nas últimas eleições, que deram a vitória ao conservador Friedrich Merz.
O novo governo negou-se a coligar com a Alternativa para a Alemanha (AfD), mas o jornalista e analista aponta que episódios como este traduzem uma “aceitação da retórica da AfD”.
De facto, conta a DW, Merz tem sido criticado por dar espaço às ideias anti-imigração da AfD. O novo chanceler tem tentado implementar medidas restritas nesta área. Ainda esta semana, suspendeu na Alemanha um programa de reinstalação de refugiados das Nações Unidas, que alberga crianças, vítimas de tortura ou pessoas com extrema necessidade de tratamento médico com necessidades especiais de proteção.
O artigo de opinião do The Guardian não poupa críticas. Será que “o chamado centro político do país licenciou uma nova era de autoritarismo — para gáudio da AfD”?.
Manifestem-se a favor de terroristas e ameaçam que calha! Têm de ser expulsos!
Arrepiante é o que esses apoiantes de terroristas tem feito aos cidadãos e residentes na Alemanha… Deixaram essa gente entrar e se instalarem, agora não sabem porque estarem se a tornar num Afeganistão ou Irão ou uma Líbia.