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Arquitectos vivem um mês na avenida dos Aliados para discutir habitação temporária

Andreia Garcia - Arts & Architecture

João Ferreira Marques Jesus, Diogo Aguiar, Teresa Otto, Alvaro Vila Iturbe e Tânia Costa Coll no estúdio da LIKEarchitects

João Ferreira Marques Jesus, Diogo Aguiar, Teresa Otto, Alvaro Vila Iturbe e Tânia Costa Coll no estúdio da LIKEarchitects

Um grupo de quatro arquitetos iniciou esta sexta-feira uma “residência artística”, na avenida dos Aliados, no Porto, que passa pela ocupação do rés-do-chão do edifício n.º 66/68 durante um mês com o propósito de refletir sobre a habitação temporária.

O conjunto, composto pelos LIKEarchitects (Diogo Aguiar, João Jesus e Teresa Otto) e Mariana Pestana, ao viver naquele espaço, de portas abertas à cidade, coloca-se “na condição de habitantes temporários de uma cidade e numa condição não tão confortável” como a casa de cada um, como disse Diogo Aguiar aos jornalistas, pretendendo que a discussão sobre os problemas da habitação se abra aos cidadãos do Porto.

O projeto vai produzir conteúdos para a representação oficial portuguesa na Bienal de Arquitetura de Veneza, que este ano se faz através de um jornal intitulado “homeland” com três edições, o que levou o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, a dizer que a “iniciativa tem uma história que passa por uma casa sem casa que é o pavilhão de Portugal em Veneza”.

likearchitects.net

Arquitectos Diogo Aguiar, João Jesus, Teresa Otto

Os fundadores da LIKEarchitects, Diogo Aguiar, João Jesus e Teresa Otto

Durante a abertura da residência, que contou com a presença dos vereadores da Cultura, da Habitação e Ação Social e do Urbanismo, a porta de entrada dava acesso a uma mesa de refeições, tendo à direita a cozinha e à esquerda a sala de estar, tudo visível pelas janelas do edifício, onde várias pessoas paravam para assistir ao que se passava no interior.

Por trás de paredes improvisadas encontram-se os quartos dos quatro participantes no projeto, já equipados com as respetivas camas e mesa-de-cabeceira, que por sua vez já contam com livros nelas, para além de outros elementos como bengaleiros e até um cachecol do FC Porto.

O vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto, Paulo Cunha e Silva, que sugeriu o local para a residência artística, disse que propôs, para além da ocupação do espaço dos Aliados, que se explorasse a “bipolaridade” habitacional através de uma presença idêntica num bairro como o Aleixo ou o Lagarteiro, mas tal acabou por não ser possível.

“O que vai acontecer é que há uma sequência de conferências e uma sequência participativa em que a discussão do temporário vai da mais prosaica, desde a possibilidade de estes territórios virem a ser ocupados e, portanto, esta situação permitir a criação de um novo regulamento municipal até à discussão mais sofisticada do temporário como ficção”, afirmou Cunha e Silva, que lembrou que assim se inicia um programa de residências artísticas no Porto que ainda está a ser trabalhado.

/Lusa

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