Descoberta de lince e 4 cães sepultados empilhados há 1500 anos intriga arqueólogos

Mathias Appel / Wikipedia

A descoberta de esqueletos de lince é muito rara, e os cientistas não entendem o significado do enterro com os cães.

Um novo estudo publicado na International Journal of Osteoarchaeology relata a descoberta arqueológica desconcertante de um enterro datado do início da Idade Média, contendo um lince e quatro cães.

Este achado raro, localizado numa povoação no centro-oeste da Hungria, outrora conhecida como Panónia quando sob o domínio romano, está a levantar questões entre os arqueólogos devido à presença pouco comum de restos de linces em sítios arqueológicos.

O poço, datado do século V a VI, tinha cerca de 1,5 metros de profundidade e albergava um esqueleto completo de lince na sua base, com os esqueletos de quatro cães colocados por cima.

Os cães, que se pensa serem pointers ou pastores alemães, estavam separados por camadas de terra, o que sugere que terão sido colocados de forma deliberada, revela o Live Science.

Esta disposição levou a especulações sobre as circunstâncias que levaram ao seu enterro, com teorias que vão desde um acidente de caça a práticas ritualísticas.

Mathias Appel / Wikipedia

Disposição do lince (a vermelho) e dos quatro cães sepultados há 1.500 anos

Os linces, em particular os linces euro-asiáticos ou Lynx lynx, eram muito comuns na Europa antes de as suas populações diminuírem devido à invasão humana. Apesar da sua presença histórica, os restos mortais dos linces raramente são encontrados em sítios arqueológicos, o que torna esta descoberta excecionalmente rara.

De acordo com Lászlo Bartosiewicz, arqueólogo da Universidade de Estocolmo e co-autor, os esqueletos de lince são notavelmente raros porque “a carne de lince não era geralmente consumida”, sendo apenas encontradas ocasionalmente garras de lince em sepulturas humanas e peles intactas.

O sítio, Zamárdi-Kútvölgyi-dűlő, revela uma povoação que remonta ao período imediatamente a seguir à queda do Império Romano do Ocidente, com vestígios de edifícios, fossas, poços e fornos.

A dieta dos habitantes da povoação era provavelmente baseada em animais domesticados e na agricultura, em vez de caça, o que aumenta o mistério da presença do lince.

A natureza única do enterro tem intrigado os investigadores, não havendo paralelos arqueológicos ou etnográficos conhecidos.

Enquanto alguns sugerem que o enterro pode ter resultado de um confronto entre os cães e o lince, outros propõem que pode ter tido um significado ritual. No entanto, a falta de cuidado na colocação dos animais complica a interpretação.

ZAP //

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