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Arma médica ao estilo Homem-Aranha produz um “substituto de pele” para queimaduras

Médicos na Europa e em Israel começaram a usar uma arma médica que forma uma teia protetora para cobrir queimaduras e feridas, na esperança de que o “substituto da pele” respirável ajude os pacientes a recuperar sem a necessidade de mudanças dolorosas de curativos.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, a Nanomedic, empresa israelita que projetou o sistema Spincare, afirma que o seu dispositivo dá aos pacientes maior mobilidade – muitas vezes essencial para a reabilitação de queimaduras – e a capacidade de tomar banho, um processo que pode ser difícil com curativos tradicionais.

Além disso, a camada translúcida que produz permite que os médicos examinem o ferimento sem lhe tocar.

Rob Lyon, diretor-gerente do distribuidor da Spincare com sede no Reino Unido, disse que as queimaduras podem ser extremamente difíceis de curar, tornando a aplicação de curativos agonizante. “Spincare é um dispositivo sem contacto”, disse Lyon, cuja empresa, Regen Medical, é especializada em queimaduras e produtos para cicatrização de feridas.

Segundo Lyon, a malha protetora “imita a pele”, o que permite que os pacientes se movimentem com mais facilidade.

Electrospinning, a técnica que o dispositivo emprega, envolve o uso de eletricidade para criar nanofibras a partir de uma solução e tem sido usada há anos, inclusive na área médica. Segundo a Nanomedic, o dispositivo, contudo, é muito mais pequeno do que as grandes máquinas disponíveis anteriormente, o que significa que pode ser transportado até à cama do paciente.

Gary J. Sagiv, vice-presidente de marketing e vendas da empresa, afirmou que hospitais na Alemanha e na Suíça usaram o produto para feridas faciais, onde grandes curativos podem ser pesados. Outros aplicaram-no em feridas em pessoas com diabetes, que podem desenvolver feridas crónicas nos pés que podem levar à amputação.

Recusando-se a fornecer um preço – que pode diferir dependendo do país em que for vendido -, Sagiv disse que o Spincare era económico para hospitais em comparação com outros curativos de tratamento avançado de feridas.

Baljit Dheansa, médico do Reino Unido especializado em queimaduras e cicatrizes, disse que usou o Spincare em cinco pacientes do hospital Queen Victoria, em Sussex, e teve resultados positivos em queimaduras superficiais. “Esta coisa esbranquiçada fina é bastante robusta e parece lidar com a maioria das coisas”, assegurou.

Por outro lado, tem menos eficácia em queimaduras profundas, mas a Nanomedic não afirmou que Spincare seria útil nesse tipo de ferimentos.

Dheansa explicou ainda que o produto chegou num momento de debate dentro da comunidade médica sobre se a abordagem tradicional de trocar curativos regularmente para avaliar ferimentos era contraproducente. Vários curativos especializados já usados por médicos não precisam de ser trocados com frequência.

Spincare é o mesmo tipo de conceito – a ideia de proteger uma ferida e deixar a natureza fazer o que fará”, disse o médico. “Embora não seja absolutamente novo no sentido de que é um curativo colante que fica preso, é uma nova forma de aplicá-lo. E em alguns aspetos, provavelmente é um pouco mais fácil.

O hospital Queen Victoria concordou em comprar mais cápsulas descartáveis para o produto. “O que tentamos ao máximo é ter uma visão bastante independente destas coisas. Embora uma empresa diga que faz isto e aquilo, chegamos de forma bastante inocente e independente e dissemos: ‘vamos realmente ver o que faz’”. Até agora, segundo Dheansa, Spincare “faz o que diz na lata”.

“Com este tipo de curativo, nas circunstâncias certas, significa apenas que o paciente não precisa de aprender a fazer os curativos, são um pouco mais flexíveis e não precisam de se preocupar tanto”.

Maria Campos, ZAP //

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