Um novo fóssil de aranha indica que a espécie em causa imitava as formigas para aumentar as suas probabilidades de sobrevivência.
Um novo estudo publicado na An International Journal of Paleobiology descobriu um fóssil que fornece provas concretas de que as aranhas imitavam as formigas como mecanismo de defesa contra os predadores.
Este achado raro, a Myrmarachne colombiana, foi descoberto fossilizado em resina de copal de Medellin, Colômbia. A pesquisa destaca as estratégias de sobrevivência intrincadas desenvolvidas pelas aranhas, que já somam milhões de anos.
As formigas, conhecidas pelos seus mecanismos de defesa agressivos, incluindo mordidas fortes, ferrões venenosos e a capacidade de chamar reforços, são frequentemente evitadas pelos predadores. Isto torna-as modelos ideais para o mimetismo de espécies mais vulneráveis, como as aranhas, que não possuem defesas químicas e são geralmente criaturas solitárias.
A Myrmarachne colombiana utilizou esta forma de mimetismo para escapar à predação de aranhas maiores, vespas e aves, que tendem a evitar as formigas. Ao imitar as formigas, estas aranhas aumentam as suas hipóteses de sobrevivência.
Esta descoberta foi possível através do estudo de um pedaço de copal, uma forma menos madura de resina fossilizada em comparação com o âmbar, que se estima ter cerca de três milhões de anos. Apesar dos desafios em determinar a idade exacta da resina sem danificar o fóssil da aranha, esta descoberta abre novos caminhos para a compreensão da história evolutiva do mimetismo nas aranhas.
Curiosamente, não existem atualmente provas vivas de aranhas mimetizadoras de formigas na Colômbia, o que indica uma possível extinção ou uma população rara. As adaptações físicas necessárias para que uma aranha se assemelhe a uma formiga são complexas, envolvendo mudanças significativas na sua anatomia, como o posicionamento de suas pernas dianteiras para imitar antenas e a modificação de seus segmentos corporais para se assemelharem aos das formigas.
O trabalho sugere que, para além do mero instinto, pode estar envolvido um nível de raciocínio e inteligência na forma como estas aranhas seleccionam e se modelam a partir de espécies específicas de formigas no seu ambiente.
Esta descoberta desafia os pressupostos anteriores sobre o comportamento dos insectos ser apenas instintivo e abre questões fascinantes sobre as capacidades cognitivas das aranhas, relata o Interesting Engineering.
O facto de a Myrmarachne colombiana ser potencialmente uma aranha saltadora acrescenta ainda mais intriga a este estudo, realçando as diversas estratégias utilizadas pelas aranhas para se adaptarem e sobreviverem num mundo cheio de predadores.