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Aquecimento global é “inequívoco”, diz relatório do governo dos EUA

mobilestreetlife / Flickr

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Um documento elaborado por agências federais norte-americanas aponta para a “influência humana” nas mudanças climáticas. Estas conclusões contrastam com a orientação política do presidente Trump, que têm tomado medidas contrárias à protecção do ambiente.

O governo norte-americano divulgou esta sexta-feira um extenso relatório elaborado por 13 agências federais, segundo o qual o aquecimento global é “inequívoco” e “muito provavelmente” causado pela “influência humana”.

O tom alarmista do documento contrasta com acções do presidente Donald Trump – entre as quais o incentivo ao consumo de combustíveis fósseis e a recentemente anunciada saída do país do Acordo de Paris.

Não há nenhuma explicação alternativa convincente para o aquecimento global do último século que seja baseada na mesma quantidade de provas”, diz o estudo, entre cujos autores se incluem cientistas de entidades como a Agência de Protecção Ambiental e a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera, NOAA.

Mesmo com este tom, o documento passou pelo crivo da Casa Branca antes de receber autorização para publicação. Ao todo, mais de 50 cientistas participaram no estudo, que aponta ainda que a média global do nível dos oceanos deve aumentar “pelo menos vários centímetros nos próximos 15 anos devido ao aquecimento global”.

O relatório aponta que “o clima global deve continuar a mudar ao longo deste século” e que “a magnitude destas mudanças climáticas além das próximas décadas irá depender principalmente da quantidade de gases de efeito estufa emitidas globalmente”.

O documento também realça que a Terra tem registado picos de temperatura nos últimos três anos, e que 6 dos últimos 17 anos foram os mais quentes já registados no planeta.

Por fim, o relatório aponta que as catástrofes naturais, como furacões e enchentes, custaram 1,1 biliões de dólares à economia dos EUA desde 1980 e que a tendência é que esses fenómenos se tornem cada mais comuns.

Contraste com posições de Trump

Segundo o jornal Washington Post, a existência e a divulgação do relatório mostram que “establishment científico do governo continua a actuar, apesar da acção de vários membros do governo no sentido de minimizar e depreciar” este tipo de estudos.

Membros do governo Trump como o Secretário de Energia, Rick Perry, e o chefe da Agência de Proteção Ambiental, Scott Pruitt, questionam regularmente o real impacto da “influência humana” nas mudanças climáticas. O próprio Trump já chegou a classificar no passado o aquecimento global como uma “boataria” inventada pelos chineses.

“Este é um relatório do governo federal cujo conteúdo passa completamente por cima das políticas de Trump, e também passa completamente por cima das declarações de altos membros da administração”, realça Phil Duffy, director do Woods Hole Research Center.

Já o jornal New York Times salienta que, segundo os autores do estudo, as conclusões do seu relatório criaram uma situação incomum em que “as políticas do governo caminham na direcção oposta à ciência que produz“.

Ainda segundo o jornal, o relatório já provocou críticas de cépticos do aquecimento global, segundo os quais as conclusões são o produto “de restos do governo Obama“.

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