Há mais de 170 anos que os ventos têm ocultado a verdadeira dimensão do aquecimento do nosso planeta, avisa um estudo.
O aquecimento global é uma realidade na Terra há muitos anos mas a verdadeira dimensão do fenómeno tem estado escondida debaixo de poeira.
O aviso surge num estudo publicado na revista Nature, que se centrou nos ventos cada vez mais tempestuosos, que varrem poeira dos desertos.
O aquecimento global é aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra. Tem origem nas emissões de gases que intensificam o efeito estufa – consequência da “mão humana”.
O estudo destaca os impactos do denominado “aerossol de poeira mineral” no clima global e nas alterações climáticas.
Os cientistas de EUA, Noruega e Alemanha avisam que esses ventos, cada vez mais tempestuosos, afectam o balanço de energia da Terra através de radiação, nuvens, química atmosférica, criosfera e biogeoquímica.
A análise sugere que a “rede de poeira” dos desertos, que esses ventos trazem, arrefece o clima.
Ao espalhar a luz solar de volta ao espaço e interromper as nuvens de alta altitude que podem agir como um cobertor a prender o ar mais quente abaixo, essas partículas de poeira têm um efeito geral de arrefecimento, mascarando a verdadeira extensão da energia de calor extra que vibra na nossa atmosfera, explica o portal Science Alert.
Essa poeira mascara até 8% do actual aquecimento global.
Há mais de 170 anos que esse aumento de poeiras se regista. A carga global de massa de poeira aumentou 30% desde a década 1850 – ou seja, desde o início da segunda revolução industrial.
O nível de poeira mineral na atmosfera aumentou cerca de 55% neste período.
Os maiores aumentos têm-se verificado nas poeiras provenientes da Ásia e do norte da África, revelaram os dados de satélite e medições no solo.
Esse aumento na poeira produziu um “forçamento radiativo efectivo médio global de −0,07 ± 0,18 W m−2, neutralizando um pouco o aquecimento do efeito estufa”.
Por isso, continua o estudo, os modelos climáticos atuais e as avaliações climáticas actuais não representam o aumento histórico de poeira. Não têm em conta esse factor.
E, portanto, omitem o forçamento radioactivo que isso provoca, influenciando as projecções de mudanças climáticas e as avaliações de sensibilidade climática.
Os cientistas apelam a uma maior luta, para restringir os efeitos radioactivos da poeira no clima e para melhorar a representação da poeira nos modelos climáticos.