Apicultor perde 14 colmeias atacadas por vespa asiática

danelu / Flickr

Uma vespa asiática (Vespa velutina) ataca uma abelha

Uma vespa asiática (Vespa velutina) ataca uma abelha

Um apicultor de Darque, em Viana de Castelo, perdeu em cerca de duas semanas 14 colmeias atacadas por “enxames” de vespa asiática, num prejuízo de cerca de 1.500 euros, denunciou à Lusa o próprio.

“Elas são aos milhares. O barulho que fazem até mete medo. Das 20 colmeias que tinha no meu apiário só me restam seis, 14 foram à vida. São cerca de 1.500 euros de prejuízos, sem contar com o mel. Costumo produzir 300 quilogramas por ano, o que dá cerca de três mil euros que deixei de ganhar”, sustentou Álvaro Rocha.

Com um apiário há mais de cinco anos em Darque, na margem esquerda do rio Lima, Álvaro Rocha garantiu que este tipo de ataque às colmeias é inédito na região onde, adiantou, “a propagação da praga está totalmente descontrolada depois de um ano em que nada se fez para queimar os ninhos encontrados”.

“Elas nunca atacaram as colmeias nem as casas como agora. Estão a invadir tudo. Tenho conhecimento de produtores de fruta que têm tudo destruído porque as vespas estão perdidas”.

De acordo com dados da Associação Apícola Entre Minho e Lima (APIMIL), cada ninho pode albergar até 2.000 vespas e 150 fundadoras de novas colónias, que no ano seguinte poderão vir a criar pelo menos seis novos ninhos.

Segundo os apicultores, esta espécie, “mais agressiva“, faz com que as abelhas não saiam para procurar alimento por estarem sob ataque, enfraquecendo as colmeias, que acabam por morrer colocando em causa a produção de mel.

“Estou totalmente desolado e a pensar em desistir porque este ano nem vou tirar mel. Tenho quase 300 colmeias vazias para aumentar a produção mas sendo assim vou acabar com tudo. Não vale a pena lutar. Isto dá muito trabalho, são muitas horas e noites perdidas e o Governo não quer ajudar”, afirmou o apicultor de Darque.

Vespa velutina

A vespa asiática ou velutina como também é conhecida, é maior e mais agressiva do que a espécie autóctone nacional e foi introduzida na Europa através do porto de Bordéus, em França, em 2004, tendo alastrado até agora por todo o país.

Os primeiros indícios da sua presença em Portugal surgiram em 2011, mas a situação só se agravou a partir do final do ano seguinte e depois de se instalar também no norte de Espanha.

Na semana passada, os bombeiros municipais de Viana do Castelo destruíram dois ninhos de vespa asiática na freguesia urbana de Meadela.

Contactado pela Lusa, um dos dois apicultores que alertaram as autoridades queixou-se na ocasião de estar a ser “violentamente” atacado pelas vespas asiáticas que lhe matam “cerca de 500 abelhas por dia“.

“Nas armadilhas que coloquei em volta do meu apiário, em dois dias, apanhei 225 vespas asiáticas“, sustentou.

O secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agro-Alimentar, Nuno Brito, disse a semana passada à Lusa que o Governo está a preparar uma revisão do plano de combate à vespa asiática implementado em 2013.

A atual estratégia tem sido alvo de críticas das autoridades locais face à indefinição sobre quem tem competência para travar esta praga.

Já em julho passado a Câmara de Viana do Castelo exigiu ao Governo “uma clarificação urgente de quem deve coordenar e quais os meios a afetar” no combate à praga da vespa asiática.

/Lusa

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