O Liverpool anunciou que ia avançar com um mecanismo do Governo britânico semelhante ao lay-off que está a ser usado em Portugal, para receber apoios para pagar aos funcionários do clube que não são jogadores, mas acabou por voltar atrás na decisão, após as críticas que recebeu, e até pediu desculpas aos adeptos.
“Acreditamos que chegámos à conclusão errada na semana passada… Lamentamos verdadeiramente por isso”, refere o CEO do clube, Peter Moore, numa carta aberta aos adeptos.
Esta posição surge depois de, na semana passada, o clube ter anunciado que ia recorrer ao “Esquema de Retenção de Emprego” previsto pelo Governo britânico para a pandemia de coronavírus e que permite receber um apoio estatal de 80 por cento do salário de cada trabalhador, ficando o clube responsável pelos restantes 20% do pagamento.
O clube é elegível para beneficiar deste “esquema” e anunciou que pretendia usufruir da medida apenas para cerca de 200 funcionários que não são jogadores da equipa e cujo trabalho ficou afectado pela suspensão da Premier League.
Mas depois das muitas críticas que recebeu, nomeadamente dos ex-futebolistas Jamie Carragher e Dietmar Hamann, voltou atrás, pedindo desculpa por ter pensado no assunto.
“As nossas intenções eram e continuam a ser assegurar que toda a força de trabalho recebe tanta protecção quanto possível de redundâncias e/ou perdas de ganhos durante este período sem precedentes”, afirma Peter Moore.
“Estamos, por isso, empenhados em encontrar formas alternativas de operar” para não ter que recorrer ao apoio do Governo, acrescenta o dirigente do Liverpool.
Jamie Carragher já se mostrou satisfeito com a reversão da medida. “Fiquei muito zangado quando a decisão original saiu porque as pessoas olham para o Liverpool como um modelo de como fazer as coisas e os clubes tentam imitá-lo”, apontou em declarações na Sky Sports.
“O mundo do futebol esperava que o Tottenham e Daniel Levy, o Newcastle e Mike Ashley” recorressem ao “Esquema” de apoios do Governo, “mas não o Liverpool” que tem como lemas “You’ll Never Walk Alone” e cuja história é marcada por “valores socialistas”, frisou ainda o ex-futebolista.
“Pensei que era uma decisão chocante, mas fico satisfeito que mudaram de ideias”, sublinhou também Jamie Carragher, lamentando, contudo, que este episódio “envergonhou os adeptos do Liverpool”. “Os adeptos de Manchester United, City e Everton têm estado a rir-se do Liverpool”, concluiu.
Por seu lado, Gary Neville, ex-futebolista do Manchester United, apela a uma decisão conjunta da Premier League para todos os clubes, salientando que é importante que todos, como um bloco, “definam o tom para todo o país, fazendo o bem, cuidando de cada um, sendo generosos”.
“O futebol não está a cumprir o mantra do país, o futebol precisa de dar e sofrer financeiramente porque pode sofrer financeiramente”, diz ainda Neville.
O ex-futebolista do United lembra que “há clubes nas Ligas mais baixas” que “precisam de dinheiro” e que estão de facto em risco de sobrevivência. “A Premier League está, provavelmente, numa posição em que podia emprestar mil milhões de libras de algum lado ou fazer um adiantamento e receber depois”, constata, deixando um último alerta. “A Premier League precisa de fazer o que está certo“, aponta Neville.