Última passagem na passadeira vermelha dos chefes de Estado, em Bruxelas. Rumo europeu de Portugal não vai mudar.
Foram mais de oito anos, foram 74 reuniões do Conselho Europeu. Agora, adeus – ou até já.
António Costa esteve pela última vez num Conselho Europeu, nesta quinta-feira. Como primeiro-ministro de Portugal, foi a última vez.
Vai ter saudades? “Eu detesto ter saudades. Isso é um sentimento que eu não gosto de ter. Acho que a vida se faz com o futuro, não propriamente com o passado”.
Sobre o futuro, pouco ou nada continua a dizer – sabe-se apenas que voltou a ser aluno, numa pós-graduação na Faculdade de Direito da Universidade Católica, em Lisboa: Contencioso Contratual, Mediação e Arbitragem.
Sobre o passado, recordou a lista dos resistentes: Mark Rutte (Países Baixos), Viktor Orbán (Hungria) e Klaus Iohannis (Roménia), os únicos que ainda são líderes nacionais desde 2015, ano em que António Costa se estreou em Bruxelas.
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, deixou uma mensagem de despedida. Escreveu que vão ter “saudades do bom-humor e da capacidade de resolver problemas” do primeiro-ministro cessante. Deixando um “obrigado” em português.
Dear @antoniocostapm we will miss your good humour and problem-solving skills — very handy during the 74 summits you participated in. #EUCO
Obrigado caro António, e felicidades! pic.twitter.com/AVDXcFvqkU
— Charles Michel (@CharlesMichel) March 21, 2024
Costa também lembrou o seu momento de estreia em 2015, sem ter vencido as eleições legislativas em Portugal. Muitos estavam desconfiados: “Aqui também alguns achavam que o diabo podia vir, virando a página da austeridade”.
Agora que sai, repetiu que o rumo europeu de Portugal não vai mudar. E deixou os “maiores sucessos” ao novo Governo.
E, agora que sai, vai passar a fazer parte da oposição em Portugal, vai ser uma voz activa ao lado de Pedro Nuno Santos? “Não. Ainda por cima estou rouco. Não tenciono ter nenhuma voz activa”, respondeu aos jornalistas, entre sorrisos.
António Costa é um Homem do FUTURO.
Imparável, respeitável e empático, com as pessoas e com a vida.
A rouquidão, que serão as maldades que não merece, a tentarem arranharem-lhe as palavras, não o impede de ser e de se manter uma lufada de ar fresco, no calor dos problemas.
Em Bruxelas, onde é reconhecido e homenageado, e em Portugal, onde o rubor envergonhado de algumas consciências, por descuido não raramente se manifesta.