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Antigo supervulcão pode esconder o maior depósito de lítio alguma vez encontrado

BLM Nevada / Flickr

McDermitt Caldera, na fronteira entre o Nevada e o Oregon

O antigo supervulcão na fronteira entre o Nevada e o Oregon, conhecido como McDermitt Caldera, poderá ocultar o maior depósito de lítio do mundo, estimado entre 20 a 40 milhões de toneladas métricas.

A procura de lítio, componente vital nas baterias de veículos elétricos, está cada vez mais em alta, à medida que a indústria automóvel transita dos combustíveis fósseis.

A descoberta recente de um massivo depósito de lítio sob o antigo supervulcão conhecido como McDermitt Caldera, nos Estados Unidos, poderá ajudar a dar resposta à escassez global deste metal.

Segundo um estudo recentemente publicado na revista Science Advances, há entre 20 a 40 milhões de toneladas métricas de lítio depositados nesta cratera vulcânica, formada há 16 milhões de anos — quantidade substancialmente maior do que a dos depósitos de lítio das salinas de Uyuni, na Bolívia, os maiores do mundo.

Prevê-se que a procura de lítio atinja um milhão de toneladas métricas até 2040, devido ao crescente mercado de veículos elétricos. No entanto, a corrida global para minerar lítio levanta questões ambientais e éticas.

Os processos de extração de lítio podem devastar ecossistemas, esgotar reservas de águas subterrâneas e resultar em vasta produção de resíduos. Além disso, a produção de baterias ainda envolve a queima de combustíveis fósseis.

Atualmente, os EUA dependem fortemente da China para o seu fornecimento de lítio, o que está a pressionar o país a iniciar projetos de mineração em terras federais domésticas.

Recentemente, o governo dos EUA aprovou a extração de lítio na mina de Thacker Pass, precisamente na McDermitt Caldera — uma decisão controversa, explica a Chemistry World, uma vez que a mina, a segunda maior do país, se encontra em território considerado sagrado por diversas tribos indígenas locais.

De acordo com os autores do estudo, a riqueza mineral da região é devida à erupção do supervulcão, há cerca de 16 milhões de anos. O magma daí resultante enriqueceu o solo argiloso circundante com lítio.

A descoberta de um tipo único de argila, illite rica em lítio, na extremidade sul da caldera, sugere ter havido um fluxo secundário de magma após a secagem do antigo lago da caldera.

Segundo a geóloga Anouk Borst, da Leuven University, na Bélgica, se estas estimativas forem corretas, a descoberta pode revolucionar a dinâmica global do lítio em termos de preço, segurança de fornecimento e influências geopolíticas.

No entanto, a descoberta tem implicações colaterais. Os agricultores locais temem que a mineração possa reduzir drasticamente os níveis de águas subterrâneas.

Além disso, uma avaliação ambiental do Departamento do Interior dos EUA identificou ameaças potenciais à fauna local, incluindo a galinha-salgema, o antilocapra e a águia dourada — que tem um significado especial para os povos ameríndios das Primeiras Nações.

A região de Thacker Pass, historicamente conhecida como Peehee Mu’huh, é fundamental para várias comunidades indígenas. Foi palco do trágico massacre de 1865, onde 31 membros da tribo Paiute foram mortos por soldados americanos.

As tribos locais argumentam que estabelecer uma mina no local seria semelhante a profanar locais como Pearl Harbor ou o Cemitério Nacional de Arlington.

Em 2021, numa declaração de oposição à abertura da mina de Thacker Pass, o Povo da Montanha Vermelha realçou que combater as mudanças climáticas não deve ser um pretexto para devastar territórios nativos — e que a verdadeira essência da proteção ambiental reside em não causar a sua destruição.

Armando Batista, ZAP //

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