Descoberta de antigo quarto de escravos romanos revela o lado negro de Pompeia

Parque Arqueológico de Pompeia

O quarto não tinha quaisquer correntes, o que indica que a escravatura no Império Romano era mantida através da pressão social e não através da força física.

Uma equipa de arqueólogos fez uma descoberta significativa perto de Pompeia – um apartamento que outrora albergou escravos ao serviço da antiga cidade romana. Localizado apenas 600 metros fora das famosas muralhas de Pompeia, na villa Civita Giuliana, o quarto mostra um lado raramente documentado da vida romana.

No interior do modesto quarto encontravam-se duas camas, uma sem colchão, juntamente com dois armários, várias ferramentas e diversos jarros e vasos cerâmicos, escreve o IFLScience.

Debaixo de uma das camas estava um vaso que continha os restos de um rato, que se acredita que tenha procurado refúgio durante a catastrófica erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C que destruiu a cidade. Foram também encontrados os restos de dois ratos no meio das ruínas.

A trágica erupção enterrou Pompeia e cidades vizinhas como Herculano, Oplontis e Stabiae, em mais de seis metros de cinza e detritos vulcânicos. Apesar de ter causado uma destruição generalizada, preservou ao mesmo tempo vários detalhes da cidade, permitindo-nos estudar de perto a vida quotidiana no Império Romano.

É importante notar o papel integral que a escravatura teve na sociedade romana. Os historiadores estimam que os escravos eram entre 10% e 20% da população de todo o Império Romano. Os escravos também podiam ser trabalhadores manuais e servos domésticos, havendo ainda a categoria dos ‘vicarii’, que eram mais autónomos e que supervisionavam os outros escravos.

O Ministério da Cultura da Itália enfatizou a importância desta descoberta, sublinhando que a infestação de ratos serve como uma prova das condições precárias e insalubres em que os escravos viviam.

No entanto, um dado notório é a ausência de quaisquer sinais de correntes ou fechaduras no quarto, o que implica que a escravatura romana era mantida através de pressões sociais e hierarquias, em vez de violência explícita ou restrições físicas.

“Parece que o controlo se deu principalmente através da organização interna da servidão, e através de barreiras e constrangimentos físicos. Sabemos que os donos [desta casa] tinham vários privilégios, entre os quais a possibilidade de constituir família, ainda que sem qualquer proteção legal, para vincular mais alguns escravos à villa”, explica Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia.

ZAP //

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