Os antibióticos podem deixar de funcionar para infecções mais fáceis de tratar; as bactérias são “muito inteligentes”.
Todos os dias, milhões de antibióticos são tomados por milhões de pessoas. Mas muitos deles, provavelmente, vão deixar de funcionar.
“Há o perigo de, no futuro, deixarmos de ter antibióticos que funcionem para infecções fáceis de tratar“.
O aviso, ou o reforço do aviso, foi dado por Ana Margarida Almeida, microbióloga, em entrevista ao jornal Expresso.
E porquê? Porque as bactérias “são muito inteligentes”, estão cada vez mais resistentes aos tratamentos, responde a investigadora do Instituto de Medicina Molecular.
Ana sublinha que, muitas vezes, as pessoas tomam antibióticos sem critério – os antibióticos eliminam bactérias e são ingeridos para combater gripes (que são causadas por vírus), o que é um erro.
Outra razão está na pecuária: os animais consomem 70% dos antibióticos e “espalham” mais doenças nos humanos.
“Há estudos que mostram estirpes de bactérias resistentes que se desenvolvem em animais e passam para os humanos”, relatou a especialista.
Além disso, enviar antibióticos para as águas residuais aumenta os riscos para a saúde.
Os micro-organismos, lembra a microbióloga, são essenciais para o ser humano: “Nós somos as bactérias. Para cada célula humana, há 10 células bacterianas. E isto é fantástico”.
E as bactérias não são todas iguais: umas treinam o sistema imunitário na eliminação de células cancerígenas, outras podem ajudar as células doentes a proliferarem.
A especialista portuguesa já esteve a trabalhar no desenvolvimento de psicobióticos: os micro-organismos produzem efeitos no comportamento da pessoa.