Ânforas recuperadas do mar revelam segredos da produção de vinho pelos romanos

As uvas de origem local e o alcatrão de pinho podem ter sido os produtos utilizados pelos viticultores durante o período romano para produzir vinho, revelou uma análise a três ânforas recuperadas de um assentamento no porto de San Felice Circeo, em Itália.

De acordo com a investigação, publicada recentemente na PLOS One, a análise aos três recipientes permitiu aos investigadores obter dados sobre as práticas utilizadas para a produção de vinho naquela região, durante os séculos I e II a.C., ou seja, na parte do final do período greco-romano.

Segundo o ScienceAlert, os resíduos de marcadores químicos, tecidos vegetais e pólen encontrados nas ânforas, além de derivados de uva e de pinho, permitiram aos investigadores concluir que essas jarras foram usadas nos processos de fabricação de vinho tinto e branco.

Com base nesses elementos, a equipa acredita que os vinicultores romanos utilizavam plantas locais na produção de vinho branco e tinto. Já os vestígios de pinho – proveniente de fora da região, talvez da Calábria ou da Sicília – sugerem que este material era utilizado para impermeabilizar os frascos e aromatizar essas bebidas.

Na análise, os investigadores combinaram cromatografia gasosa e espetrometria de massa para separar e identificar diferentes marcadores químicos. Procuraram também por pólen.

As descobertas em torno do porto de San Felice Circeo, a 90 quilómetros a sudeste de Roma, incluem uma variedade de outras cerâmicas e artefatos, o que leva os arqueólogos a considerar que a área pode estar próxima de um antigo canal romano.

De acordo com os investigadores, estas conclusões foram possíveis devido à variedade de métodos interdisciplinares utilizados, ao combinar conhecimentos químicos e botânicos com registos históricos e arqueológicos e com estudos anteriores em ânforas semelhantes.

“Utilizar diferentes abordagens para desvendar o conteúdo e a natureza da camada de revestimento das ânforas romanas”, permitiu “chegar mais longe na compreensão das práticas antigas do que teria sido possível com uma única abordagem”, indicaram os especialistas.

Taísa Pagno , ZAP //

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