Pela primeira vez, moléculas formadoras de proteínas essenciais ao desenvolvimento humano foram detetadas no meio interestelar.
O triptofano é uma das 20 moléculas que formam proteínas necessárias para o nosso desenvolvimento e, pela primeira vez, foi detetado no espaço interestelar.
O aminoácido foi descoberto na região formadora de estrelas IC 348, localizada na constelação Perseus, a mil anos-luz da Terra.
Percursor da serotonina e melatonina, o triptofano é — apesar de ser o que tem menor concentração no nosso corpo — um aminoácido essencial para os seres humanos e não pode ser sintetizado, sendo absolutamente necessária a sua presença na nossa dieta. Está presente, por exemplo, no leite, atum, frango, aveia, pão, chocolate e na fruta.
Terá sido, segundo o Interesting Engineering, o famoso Telescópio Espacial Spitzer — responsável por inúmeras descobertas do Universo cósmico em quase 20 anos de estudo no infravermelho — a reunir as provas que apontaram para a existência do triptofano na Perseus, constelação do hemisfério celestial norte.
A aparência brilhante do triptofano quando observado através de comprimentos de onda infravermelhos — além da sua luz infravermelha distinta — facilitou a sua deteção por parte do Spitzer, que identificou 20 linhas de emissão do triptofano e permitiu a medição da temperatura do gás em que o aminoácido é formado — 7ºC.
“A novidade deste trabalho é que o triptofano nunca foi detetado no meio interestelar, e apesar de décadas de pesquisa, nunca houve nenhuma deteção confirmada de outros aminoácidos em qualquer outra região formadora de estrelas“, afirmou a líder da pesquisa, Susana Iglesias-Groth do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC).
Localizado na Perseus, o IC 348, descrito pela autora como um “extraordinário laboratório químico”, é uma região afamada pela presença de várias moléculas no meio interestelar.
Iglesias-Groth já havia descoberto moléculas de água, hidrogénio e dióxido de carbono na região formadora de estrelas.
A investigação deixa ainda em aberto a possibilidade de este aminoácido estar presente noutras regiões formadoras de estrelas, contribuindo para a química de sistemas planetários.
Os aminoácidos já tinham sido descobertos em meteoritos e podem ter a mesma idade do nosso Sistema Solar.