Devido à lei que proíbe o aborto em alguns estados norte-americanos, uma mulher pode ver-se obrigada a dar à luz um bebé sem crânio.
Em junho, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos avançou mesmo com a reversão do direito federal ao aborto. A maioria de juízes conservadores reverteu a decisão Roe v. Wade, que vigorava desde 1973 e garantia o direito federal ao aborto durante os dois primeiros trimestres da gravidez.
Enquanto 26 estados estão certos ou propensos a proibir o aborto, o Instituto Guttmacher indica que 22 estados deles já têm leis que podem ser usadas para proibir ou restringir o aborto.
Atualmente, o aborto é ilegal no Alabama, Arkansas, Kentucky, Mississippi, Missouri, Oklahoma, Dakota do Sul e Texas, com exceções limitadas. Todos os estados têm exceções para salvar a vida da grávida, mas poucos têm exceções para violação ou incesto.
Face a estas limitações, Nancy Davis pode ver-se forçada a dar à luz um bebé sem crânio. A norte-americana soube logo na primeira ecografia que o bebé não iria sobreviver.
“Foi uma ecografia anormal, e eles notaram que faltava o topo da cabeça e o crânio do bebé. Faltava o topo de crânio”, disse Davis à WAFB-9. “É difícil, sabendo que estou a carregá-lo para enterrá-lo”.
Nancy Davis vive no Louisiana, onde uma lei que proibia o aborto estava pronta para entrar em vigor, mas um juiz bloqueou-a temporariamente. Ainda assim, o Washington Post relata que uma liminar que manteria o aborto disponível não foi concedida.
As únicas opções de Davis são levar a gravidez até ao fim ou sair do estado para fazer um aborto, escreve a VICE.
Agora, os abortos apenas são permitidos “para evitar a morte ou risco substancial de morte devido a uma condição física, ou para evitar o comprometimento grave e permanente de um órgão de sustentação da vida de uma mulher grávida”. Não há nada que refira a morte do feto ainda dentro da barriga da mãe.
No início do mês, o Departamento de Saúde de Louisiana divulgou uma lista de condições médicas que tornariam uma gravidez “medicamente fútil” e abririam caminho para o aborto. No entanto, a lista foi criticada por estar altamente incompleta.
A condição médica do bebé de Davis chama-se acrania e não consta na lista do Departamento de Saúde de Louisiana. “Eu só quero que eles considerem circunstâncias especiais”, apelou a norte-americana.