Ameaças de bomba já afetaram 1,6 milhões de pessoas em Moscovo

Yuri Kochetkov / EPA

A população de Moscovo, na Rússia, está apreensiva com a sucessão de ameaças de bomba que se revelam falsas mas que têm levado à evacuação de tribunais, escolas e centros comerciais. As autoridades ainda não encontraram os culpados.

De acordo com o Diário de Notícias, que cita a France-Presse, os avisos de bombas têm sido enviados para inúmeras cidades russas, atingindo particularmente Moscovo, onde cerca de 16 milhões de pessoas vivem e trabalham, com registo de, pelo menos, mil ameaças por dia.

Desde o final de novembro, mais de 1,6 milhão de pessoas foram retiradas de edifícios da cidade, informou a agência Interfax. No entanto, as autoridades e os canais de televisão controlados pelo Kremlin permanecem bastante silenciosos sobre o assunto.

Yulia Olshanskaya, uma autoridade do governo local, disse que a escola que a filha frequenta foi evacuada “mais que uma vez e até várias vezes no mesmo dia” durante dezembro. “Já nem conseguimos contar quantas vezes isso aconteceu”, revelou.

Outra moscovita, Yulia Grebenchenko, indicou que a escola da filha foi evacuada 13 vezes desde o início de dezembro. “Alguns pais até contrataram um tratador de cães para verificar a escola mais rapidamente, porque nunca se sabe quanto tempo as unidades de cães da polícia levarão a chegar”, referiu a empregada de escritório.

As ameaças chegam através de e-mails, enviados de fornecedores encriptados para organizações e empresas que devem ser inspecionadas ou evacuadas. Os danos financeiros de uma onda semelhante com bombas telefónicas, em 2017, chegaram a milhões de dólares, disseram as autoridades russas.

A 05 de fevereiro, “1500 locais foram afetados, incluindo uma igreja, cerca de 30 tribunais, 150 instituições educativas, 232 estações de metro, mais de uma dúzia de clínicas, 75 piscinas e cerca de 50 centros comerciais”, confirmou fonte conhecedora à Interfax.

No final de janeiro, o serviço de segurança FSB – sucessor do KGB – e o órgão de vigilância estatal das comunicações Roskomnadzor anunciaram que dois servidores de e-mail encriptados, localizados no exterior, foram bloqueados após serem usados para enviar ameaças falsas. Não mencionaram suspeitos nem emitiram qualquer garantia ao público.

A conta de Telegram dos tribunais de São Petersburgo publicou uma série de mensagens referentes a um esquema de chantagem envolvendo a moeda virtual Bitcoin, com pedidos pela devolução de bitcoins que foram supostamente roubados pelo bilionário russo Konstantin Malofeyev, através da agora extinta plataforma de criptomoeda WEX.

Malofeyev – alvo de sanções ocidentais e supostamente próximo das forças separatistas no leste da Ucrânia e do serviço de segurança russo – negou qualquer envolvimento.

Especialistas sugeriram que as autoridades estão num impasse, enquanto a televisão controlada pelo Kremlin ignora amplamente os boatos sobre as bombas.

ZAP //

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