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Ameaça nuclear russa é um “bluff”. Propaganda de ambos os lados pode chegar a “patamar ridículo”

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Yuri Kochetkov / EPA

O especialista em operações militares e major-general Agostinho Costa considera que a Ucrânia está ainda a ganhar a batalha mediática, mas lembra que a sua marinha e a força aérea já caíram perante o poderio russo.

Em entrevista ao Público, o major-general Agostinho Costa fez um balanço dos primeiros dias da guerra na Ucrânia. Sobre a resposta da Ucrânia, o especialista refere que neste momento só o exército resiste, já que “tanto a marinha como a força aérea foram neutralizadas”.

Mesmo perante o poderio russo e a menor capacidade militar da Ucrânia, Agostinho Costa acredita que era de esperar uma maior resposta de Kiev face ao avanço de Moscovo, já que os “ucranianos tiveram oito anos para se preparem” depois da anexação da Crimeia.

“O exército ucraniano não é tão pequeno quanto isso, existem algumas centenas de milhares de militares, há dez anos era o quarto maior exportador de armamento do mundo – neste momento é o 12.º, salvo erro”, nota.

A resistência ucraniana não significa que tenha havido erros no plano russo, no entanto, já que “a operação ainda está a decorrer“. “Neste momento, vemos uma operação com vários eixos de aproximação direccionados para objectivos distintos, há ainda forças de segundo escalão na Rússia de reserva. Temos poucos ataques de artilharia e não vemos a aviação russa a atacar fortemente”, lembra.

Os bombardeamentos já causaram algumas mortes de civis, que podem ser estratégicas, como na destruição de gasodutos. “O caso do prédio de habitação atingido em Kiev decorreu de uma falha de sistema ou erro operacional. Neste tipo de conflitos há sempre estas ocorrências, mas temos de pensar que usar munições para destruir prédios é desperdiçar munições“, considera.

A possibilidade de haver uma “guerra de ruas”, em que se arrasa o centro da cidade, parece pouco provável. “Os russos tiveram Estalinegrado, onde o exército alemão se rendeu e a cidade ficou completamente arrasada. Se fizessem isso, os russos pagariam uma factura incomportável. Kiev é um objectivo político e querem fazer um cerco à cidade. Não creio que entrem em batalha de rua”, antecipa.

O conflito será também “decidido no campo da opinião pública” e a Ucrânia está “indiscutivelmente em vantagem” neste plano e a propaganda pode chegar a um “patamar ridículo“.

“É bom ver todas as partes, mas claro que isto faz parte de uma estratégia comunicacional. A Russia Today [faz a mesma coisa]. Espero que não a desliguem porque não somos idiotas, conseguimos perfeitamente perceber [quando é propaganda]”, defende.

A ameaça de uma escalada nuclear do conflito “faz parte do bluff” próprio do conflito. “O uso das armas nucleares é o que se chamada de “escalada para descalar” o desafio. Ou seja: elevar o conflito para patamar nuclear logo no princípio para depois reduzir a intensidade”, conclui.

ZAP //

1 Comment

  1. Com todo o respeito por o , Sr. Major General , só digo o que penso. Bluf’s vindo de quem vem, não são em nada sécurisantes !…O Putin já se constatou,varias vezes , é um manipulador , mentiroso compulsivo e capaz do pior. De um psicopata há que esperar o pior !

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