Uma expedição internacional de exploradores vai tentar resolver uma disputa que dura décadas, navegando em barcos ecológicos pelo rio que banha a maior floresta tropical do planeta.
Será o Amazonas o rio mais longo do mundo?
Para responder a esta questão, Yuri Sanada, membro do famoso NY Explorers Club, criou uma inédita expedição: a “Rio Amazonas – do Gelo ao Mar”.
Apesar de ser reconhecido como o rio com maior caudal do planeta, a extensão do Amazonas é motivo de disputa há décadas, seja devido a variações metodológicas ou à falta de consenso num ponto básico: onde o rio começa e onde termina.
De acordo com a Enciclopédia Britânica, o Amazonas tem cerca de 6.400 km de extensão, desde a sua suposta nascente, no rio Apurímac, no sul do Peru, enquanto o Nilo se estende por 6.650 km.
Em 2007, após uma expedição a uma das nascentes do Amazonas, na montanha Nevado Mismi, no Perú, e depois de analisar mapeamentos por satélite do rio sul-americano, o explorador brasileiro Guido Gelli largou a bomba: afinal, o rio mais longo do planeta não é o Nilo.
A notícia correu mundo, mas poucos geógrafos aceitaram as evidências apresentadas por Gelli. O rio africano continua a ser apontado como o mais longo do planeta — e como tal é mesmo listado no Guinness World Records.
Em 2014, o neurocientista e explorador norte-americano James Contos lançou uma teoria alternativa, segundo a qual o Amazonas poderia ter a nascente no rio Mantaro, localizado mais a norte, nas montanhas do Peru — o que poderia dar ao rio sul-americano o lugar de mais longo do mundo.
Agora, a “Rio Amazonas: do gelo ao mar” vai tirar todas as dúvidas.
“A ideia principal é mapear todo o rio, documentando a biodiversidade” para fins científicos e realizar um documentário, disse Yuri Sanada à agência AFP.
“Até agora, apenas algumas pessoas se aventuraram a percorrer todo o Amazonas de caiaque, mas ninguém o fez com estes objetivos“, acrescenta o coordenador do projeto, que dirige a produtora audiovisual Aventuras Produções com a esposa, Vera Sanada.
A expedição, com partida marcada para abril de 2024, vai percorrer o Amazonas em três barcos híbridos sustentáveis, feitos com fibras naturais e resina de mamonas, movidos a energia solar e pedais.
Durante seis meses, os exploradores vão fazer quase 7.000 km, dos Andes peruanos, passando pela Colômbia e Brasil, até à foz do rio, no Oceano Atlântico, enfrentando os inúmeros perigos naturais que os esperam… e não só.
“Não tenho medo de jacarés e onças”, diz Sanada. “Do que mais tenho medo, na verdade, é dos garimpeiros ilegais e traficantes de droga”.
Se for bem-sucedida, a expedição será replicada posteriormente no rio Nilo — para descobrir então em definitivo qual é o rio mais longo da Terra.