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A Amazon estava a estudar a possibilidade de mostrar o preço antes e depois das tarifas de Trump num dos sites, mas não avançou com a ideia após o Presidente dos EUA telefonar a Jeff Bezos.
Após os planos da Amazon para mostrar o preço antes e depois das tarifas terem saído nas notícias, Donald Trump terá rapidamente telefonado a Jeff Bezos para travar a ideia.
De acordo com a CNN, o Presidente norte-americano telefonou pessoalmente ao fundador da Amazon, Jeff Bezos, na terça-feira de manhã, para exprimir a sua desaprovação, naquilo que as fontes descrevem como uma troca de palavras incisiva, mas cordial.
Segundos dois altos funcionários da Casa Branca que falaram com a CNN, o Presidente ficou “irritado” ao saber que a Amazon poderia informar os consumidores quanto do custo de um item é devido às tarifas. Recorde-se que Trump impôs uma tarifa de 145% sobre os produtos provenientes da China e uma tarifa mínima de 10% sobre os produtos de outros países, no âmbito da sua guerra comercial agressiva.
A funcionalidade da Amazon, originalmente divulgada pelo Punchbowl News, teria mostrado a parte do custo de um artigo derivada das tarifas, juntamente com o seu preço total — uma medida que deixaria claro o peso da guerra comercial de Trump para os consumidores comuns.
O Presidente telefonou a Bezos pouco depois de as notícias terem surgido. Falando aos repórteres mais tarde naquele dia, Trump minimizou qualquer conflito. “Jeff Bezos foi muito simpático. Foi fantástico”, disse. “Resolveu o problema muito rapidamente. Foi uma boa pessoa”.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, rotulou o plano relatado da Amazon como um “ato hostil e político” durante uma conferência de imprensa. Leavitt também invocou um relatório da Reuters de 2021 que acusava a Amazon de colaborar com as autoridades chinesas para suprimir as críticas negativas aos discursos do Presidente Xi Jinping e usou o episódio para justificar o esforço do governo para realocar as cadeias de abastecimento de volta aos EUA. “É outra razão pela qual os americanos devem comprar produtos americanos”, defende.
O secretário do Comércio, Howard Lutnick, ecoou este sentimento, sugerindo que tal rotulagem nos preços era enganadora e desnecessária. “Uma tarifa de 10% não vai alterar praticamente nenhum preço”, disse à CNBC. “O único preço que pode mudar é o dos produtos que não fabricamos aqui, como uma manga”.
A Amazon respondeu negando qualquer intenção de alterar o sistema de preços relacionada com as tarifas no seu sitte principal. Um porta-voz esclareceu que houve discussões internas sobre a possibilidade de mostrar as taxas de importação no “Haul”, um site menos conhecido da Amazon que se dedica a produtos económicos, mas enfatizou que “isso nunca foi aprovado e não vai acontecer”.
Apesar das objecções da administração, alguns legisladores acolheram a ideia. O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, encorajou os retalhistas a serem transparentes sobre os custos relacionados com as tarifas. “As pessoas merecem saber o impacto que as tarifas têm nas suas finanças”, afirmou no Senado.
Bezos, cujo património líquido terá diminuído 30 mil milhões de dólares este ano devido à volatilidade do mercado e às políticas comerciais, procurou reforçar os seus laços com Trump durante o segundo mandato do presidente. A Amazon doou 1 milhão de dólares ao comité inaugural de Trump e está a produzir um documentário de 40 milhões de dólares sobre a primeira-dama Melania Trump.
Apesar dos atritos, Trump elogiou recentemente Bezos numa entrevista ao The Atlantic, dizendo: “Ele é 100% Tem sido ótimo”.
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