A Amazon está a considerar abandonar a Visa como parceira nos Estados Unidos, depois de ter confirmado que deixaria de aceitar cartões de crédito Visa no Reino Unido, devido a uma disputa relacionada com pagamentos.
A gigante do comércio eletrónico está em conversações com várias redes de pagamento, incluindo a Mastercard, American Express e Visa, como parte daquilo a que chamou o seu processo padrão de revisão do acordo de cartão de crédito co-branded, disse um porta-voz.
No entanto, a relação entre a Amazon e a Visa tem-se vindo a deteriorar devido às elevadas taxas cobradas pela última.
Depois de a Amazon ter dito que deixaria de aceitar pagamentos com cartões de crédito Visa no Reino Unido já a partir de 19 de Janeiro de 2022, as ações da Visa desceram 4,7%. Tudo porque a Amazon considera que os encargos deveriam “diminuir com o tempo com os avanços tecnológicos, mas em vez disso continuam a manter-se elevados ou mesmo a aumentar”, cita a Reuters.
Nos últimos meses, a Amazon chegou ao ponto de introduzir sobretaxas nos clientes que utilizam cartões de crédito Visa, tanto em Singapura como na Austrália, devido às taxas elevadas cobradas pela empresa de pagamentos.
Desde a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), já não existe naquele país um limite máximo para as taxas cobradas pelos emissores de cartões, o que significa que os provedores são livres de aumentar as taxas.
A Visa começou no mês passado a cobrar 1,5% do valor da transação para pagamentos com cartão de crédito efetuados online ou por telefone entre o Reino Unido e a União Europeia, e 1,15% para transações com cartão de débito, acima de 0,3% e 0,2%, respetivamente.
As taxas médias de processamento de cartões de crédito em todo o sector variam entre 1,5% e 3,5% de cada transação, segundo os analistas.
Historicamente, os retalhistas aceitam taxas de processamento por parte das grandes empresas de cartões de crédito para acederem à sua enorme rede de utilizadores, mas isso pode estar a mudar, disseram ainda os analistas.
Esta situação marca um “importante ponto de viragem na indústria de pagamentos”, disse Laura Hoy, analista de ações da Hargreaves Lansdown, acrescentando que a Amazon pode conduzir mais clientes para o seu próprio sistema de pagamento.
“Em última análise, pensamos que a Amazon tem a vantagem neste jogo — ou os clientes adotam o próprio sistema de pagamento [da Amazon] ou a Visa cede e reduz as suas taxas, qualquer hipótese é uma vitória para a gigante do retalho“, continuou.
No passado, outros grandes retalhistas resolveram problemas sobre taxas com a Visa depois de anunciarem que iriam deixar de aceitar os seus cartões de crédito em segmentos específicos, escreve ainda a Reuters.
A cadeia Walmart no Canadá, por exemplo, disse, em 2016, que deixaria de aceitar cartões de crédito Visa depois de não ter conseguido chegar a um acordo sobre as taxas. Sete meses mais tarde, e depois de cerca de 20 lojas terem deixado de aceitar cartões Visa, as empresas disseram ter resolvido o assunto.
Os clientes da Amazon ainda podem utilizar cartões de débito Visa, cartões de crédito Mastercard e Amex, e Eurocard, no Reino Unido, disse a Amazon aos clientes. Já a Visa disse estar “desapontada por a Amazon estar a ameaçar restringir a escolha dos consumidores”.
“Continuamos a trabalhar para uma resolução, para que os nossos titulares de cartões possam utilizar os seus cartões de crédito Visa preferidos na Amazon UK [do Reino Unido] sem as restrições impostas pela Amazon a partir de janeiro de 2022”, acrescentou a Visa.
O British Retail Consortium disse que outros retalhistas no Reino Unido enfrentaram encargos mais elevados para pagamentos transfronteiriços, na sequência da saída da Grã-Bretanha da União Europeia.