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Álvaro Sobrinho está por trás do polémico fundo que comprou JN, DN e TSF (e diz que reuniu com Galinha)

António Cotrim / Lusa

O ex-presidente do BES Angola terá sido convidado pelo empresário José Paulo Fafe a investir nos títulos. Mistério em volta do fundo resolve-se — ou adensa-se.

Há dez meses, a Entidade Reguladora para a Comunicação suspendeu os direitos do World Opportunity Fund (WOF). Em causa estava a “falta de transparência” em relação ao beneficiários.

Depois da compra dos títulos “Diário de Notícias”, “Jornal de Notícias” e “TSF” pelo misterioso fundo, José Paulo Fafe (antigo dono do “Tal e Qual”) foi nomeado presidente executivo do Global Media Group (GMG), que englobava esses órgãos de comunicação.

Agora, uma investigação do Expresso descobriu que o fundo tem ligações ao empresário angolano Álvaro Sobrinho, informação que o próprio acabou por admitir.

Sobrinho, que está a ser investigado por lavagem de dinheiro há mais de uma década em Portugal, confessou que o fundo é administrado por uma companhia de gestão de fortunas na Suíça, a UCAP, e foi registado em 2016 nas Bahamas.

As Bahamas já integraram a “lista-negra” de jurisdições da União Europeia (da qual o país saiu só em 2024) por falta de transparência. O local é considerado um paraíso fiscal.

Na altura, questionado no Parlamento sobre o beneficiário último do secreto fundo, José Paulo Fafe garantiu que o único era Clément Ducasse, o administrador da sociedade gestora, a UCAP Bahamas Limited.

Marco Galinha, que vendeu os títulos ao fundo, garantiu também o ano passado que não conhece quem está por trás dele, e assegurou que a negociação foi conduzida por advogados.

Agora, Álvaro Sobrinho conta que recebeu uma proposta de Fafe para investir na GMG. “Eu respondi-lhes: estão doidos. Mas disse-lhes que há sociedades gestoras propensas a esse tipo de riscos”.

“Eu respondi-lhes: estão doidos. Mas disse-lhes que há sociedades gestoras propensas a esse tipo de riscos”.

Admitiu que teve reuniões com Luís Bernardo sobre a operação da Global Media e que teve pelo menos um encontro com Marco Galinha no hotel deste empresário para celebrar o negócio de venda do controlo do grupo ao WOF. “Foi com o Fafe que falei primeiro, só mais tarde apareceu o Luís Bernardo e tivemos reuniões”.

Luís Bernardo, fundador da TVI e suspeito por corrupção no ano passado, demarca-se das alegações: “Não fazem sentido, desde logo, as questões que me são dirigidas em torno do WOF e do Global Media Group, dado que não tive — nem tenho — qualquer relação com o aludido fundo nem sou conhecedor da sua estrutura, decisões ou atividades”.

Sobrinho, antigo presidente do BES Angola que já teve passaporte português, tinha já investido anteriormente em órgãos de comunicação portugueses, o Sol e o i, e na gráfica Printer.

ZAP //

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