Os humanos estão a deixar uma legião de bactérias escondidas no Evereste

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Nimsdai / Twitter

A foto do “engarrafamento” tirada por Nirmal Purja, que está a tentar subir aos 14 picos de mais de oito mil metros dos Himalaias em sete meses

Alpinistas que visitam o Monte Evereste estão a deixar micróbios e fungos, que ficam preservados debaixo do gelo.

O desafio de chegar — literalmente — ao topo do mundo leva centenas de aventureiros ao Monte Evereste. Bem sucedidos ou não, estes alpinistas estão a deixar algo para trás após a sua jornada: fungos e bactérias que carregam consigo e que permanecem preservados no gelo da montanha.

A descoberta foi feita por um grupo de investigadores da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos. Recolhendo amostras de solo a 2,5 km de altitude, os cientistas encontraram diversos microrganismos que os turistas estão a trazer das suas origens. No ambiente extremo da montanha, que se eleva a 8.849 metros acima do nível do mar, estas formas de vida estão a ser conservadas no gelo.

Foi a primeira vez que uma equipa de cientistas criou culturas de microrganismos de uma altitude tão elevada: a dificuldade de acesso a tais ambientes é um grande impeditivo de estudos deste tipo. Além desta técnica tradicional de microbiologia, a equipa também utilizou técnicas modernas de sequenciamento genético para identificar as espécies que estão a habitar o Evereste.

Entre as principais bactérias encontradas estão estafilococos e estreptococos: a grande maioria destas são inofensivas, mas certas variedades são as responsáveis por doenças como pneumonia, faringite, intoxicações alimentares e infeções de pele.

Micróbios como estes, quando levados às condições de temperatura de locais como o Evereste — na faixa de -10 ºC — morrem ou ficam dormentes. Alguns organismos, porém, conseguem até multiplicar-se durante curtos períodos de elevação de temperatura e humidade.

De acordo com o artigo publicado pelos cientistas no jornal Arctic, Antarctic, and Alpine Research, os microrganismos ainda não estão a causar nenhum impacto ao ecossistema do Evereste.

Os investigadores chamam a atenção, porém, para o estudo de vida noutros planetas: se os humanos estão a contaminar ambientes como o Evereste, no futuro, devemos ficar atentos para garantir que formas de vida possivelmente encontradas em Marte não tenham sido levadas por nós mesmos.

ZAP // Canaltech

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