EUA. Alabama pode tornar-se no primeiro estado a executar reclusos com azoto

O Alabama pode ser o primeiro estado dos Estados Unidos (EUA) a executar um recluso através da inalação de gás de nitrogénio. Alan Eugene Miller, condenado por três homicídios, será executado na próxima semana.

O método foi aprovado em 2018, quando o governador Kay Ivey assinou uma lei que dá aos reclusos no corredor da morte a possibilidade de escolher entre a inalação do gás ou a injeção letal, noticiou na quarta-feira o Guardian.

Alan Eugene Miller, condenado por crimes cometidos em 1999, afirma ter escolhido a morte por inalação de nitrogénio devido ao seu medo de agulhas. De acordo com o próprio, a primeira declaração que assinou nesse sentido, em 2018, foi extraviada. O gabinete do Procurador-Geral informou que não havia registos desse pedido.

Em agosto, os advogados de defesa alegaram que o recluso já havia feito o pedido para morrer através do método indicado e que essa escolha devia ser concedida. Caso seja aceite, Miller pode ser a primeira pessoa executada por essa via nos EUA.

A inalação de gás de nitrogénio diminui o nível de oxigénio no corpo para uma quantidade fatalmente baixa. Os estados de Oklahoma e do Mississippi também a aprovaram como método de execução, mas nenhum a utilizou ainda, indicou o jornal.

O impulso para a utilização desse método surgiu há vários anos, quando Russell Bucklew, do Missouri, abriu uma ação pedindo que uma execução por inalação de nitrogénio devido a uma condição médica.

O Supremo Tribunal dos EUA acabou por rejeitar o pedido em 2018, com o juiz Neil Gorsuch a considerar, na altura, que o método ainda não tinha sido testado. Bucklew acabou por ser executado por injeção letal no ano seguinte.

Mesmo que o recurso de Miller não seja aprovado, o Alabama pode em breve ter que utilizar o método. Segundo o AL.com, após o estado ter dado aos reclusos a opção de escolher, cerca de 50 dos 177 reclusos do corredor da morte optaram pela inalação.

As injeções letais têm levantado preocupações ao longo dos anos. Em agosto de 2022, um artigo sobre uma autópsia a Joe Nathan James Jr. sugeria que recluso do Alabama foi sujeito a um “tortuoso processo de execução”, o “mais longo” desde a introdução da injeção letal, há quarenta anos.

Os resultados da autópsia, revelados numa reportagem do Atlantic, revelaram múltiplas tentativas falhadas de estabelecer uma linha de execução intravenosa, feridas nos braços, várias incisões e hemorragias e hematomas nos pulsos. Um médico que participou na autópsia disse que a equipa de execução “não estava qualificada para a tarefa”.

Taísa Pagno //

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