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Água potável a partir de ar e luz do sol? Uma empresa norte-americana já o conseguiu

Empresa Source Global criou hidropanéis utilizam energia solar para condensar a água potável limpa e sem de poluentes do ar.

A finitude dos recursos hídricos é uma das maiores preocupações dos ambientalistas, que tentam sensibilizar os cidadãos para a importância de poupar água potável. De facto, a crescente escassez de água exacerbada pelas alterações climáticas catastróficas, assim como a promessa de fácil acesso a água limpa e potável soa como um sonho que não está próximo a realidade.

Para ilustrar este cenário, é importante referir que as mudanças constantes nos padrões do ciclo da água e os aumentos drásticos na extração para uso humano estão a tornar mais difícil o acesso a água potável segura. Segundo um relatório da UNICEF e da Organização Mundial de Saúde, uma em cada três pessoas no mundo não tem acesso a água potável segura. As catástrofes naturais podem também destruir ou contaminar o abastecimento de água, tornando as comunidades periféricas mais susceptíveis a doenças como a cólera e a febre tifoide.

A UNICEF também aponta que, todos os dias, mais de 700 crianças com menos de cinco anos morrem de diarreia como consequência do consumo de água inadequada, saneamento e higiene.

Outra das consequências do aumento do stress hídrico origina uma maior competição por água. Isto, por sua vez, pode levar a conflitos. A guerra civil da Síria, em grande medida, tem estado ligada a uma seca severa – a título de exemplo.

Embora as técnicas de condensação da água do ar sejam utilizadas há décadas, a maioria dos condensadores modernos concebidos para produzir grandes quantidades de água precisam de ser ligados à rede eléctrica, substituindo um problema por outro, sobretudo de considerarmos os territórios mais pobres. Mas, e se houvesse uma solução? E se for possível retirar água do ar sem utilizar carbono adicional ou existir a necessidade de rede elétrica?

Os hidropanéis da Source Global propõem-se a fazer exatamente isso, com a tecnologia a ser mais ciência do que ficção. Na realidade, os hidropanéis utilizam energia solar para condensar a água potável limpa e sem de poluentes do ar. O reservatório de água incorporado também pode ser canalizado para as casas, diretamente para a torneira de água potável. Posteriormente, o sistema começa a mineralizar a água para a tornar mais dura e o seu sabor mais forte, com isto a resultar na alta qualidade prontamente disponível.

Os hidropanos da Source já chegaram a casas de 52 países. Analisando esta conquista, Thomas Borns, gestor de vendas da Source Global, lembrou que “as raparigas e as mulheres passam em média 200 milhões de horas diárias a recolher água”. Foi, precisamente, essa a principal motivação da empresa para chegar a esta invenção. Para Cody Friesen, fundador, este trabalho e obrigação já não faz qualquer sentido aos dias de hoje, daí ter começado a procurar uma forma alternativa de explorar este recurso ilimitado, chegando assim vapor de água no ar.

Tal como nota o Interesting Engineering, o Hydropanel pode ser uma bênção para as pessoas com fraco acesso a água potável, que têm de se deslocar durante horas para a ir buscar e não possuem acesso a uma fonte de energia fiável. Em todo o mundo, o peso desta responsabilidade recai prioritariamente sobre as mulheres, o que as impede de prosseguir a educação, de se dedicarem a atividades recreativas e desportivas, e de saírem da pobreza.

Naturalmente, esta questão global não afeta apenas as nações em desenvolvimento ou as pessoas que vivem nelas. Infraestruturas deficientes, a falta de transparência na origem da água, segurança e custo são também problemas persistentes nas nações desenvolvidas.

“O impacto mais importante dos hidropanéis pôde ser visto apenas em algumas horas da nossa empresa: na Navajo Nation, no norte do Arizona. Ali, apesar das águas subterrâneas terem sido contaminada em grande parte por minas de urânio empobrecido na área, a instalação de hidropanéis fez-se de imediato, diz Borns.

Ou seja, o impacto da tecnologia pode ser sentido até em territórios como os Estados Unidos. “Acho que é importante para as pessoas compreenderem que a água não é um assunto específico do mundo em desenvolvimento. É um problema nos Estados Unidos hoje em dia”, explicou Borns.

ZAP //

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