“Agora estou na praia”: Em 24 anos de trabalho, professora faltou 20 (e foi despedida)

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Cinzia Paolina De Lio / LinkedIn

Professora Cinzia Paolina De Lio

Em Itália, uma professora faltou ao trabalho em 20 dos 24 anos de carreira. Passado esse tempo e após decisão do Tribunal, acabou por ser despedida.

Cinzia Paolina De Lio é o nome da professora italiana que faltou durante 20 anos ao trabalho.

O caso deu-se em escolas da província de Veneza, no norte de Itália.

Nos primeiros dez anos de carreira, Cinzia De Lio esteve completamente ausente.

Nos 14 anos seguintes, foi intercalando o trabalho com baixas médicas, férias e licenças, para participar de conferências, tendo evitado, assim, as aulas durante um total de mais dez anos.

Em 2015, durante um período de quatro meses em que a professora regressou ao ensino, numa escola em Chioggia, perto de Veneza, consta que os alunos reclamavam da falta de preparação da professora.

De acordo com a BBC, o Tribunal terá ouvido que Cinzia De Lio não respeitava o programa e lecionava de uma forma “aleatória e improvisada”.

Além disso, uma inspeção descobriu que os alunos se recusavam a participar nas suas aulas, uma vez que ela estava sempre distraída no telemóvel.

Segundo o canal de televisão, a professora de história e filosofia foi despedida em 2017, depois de ter reaparecido novamente por quatro meses e tendo gerado mais denúncias pelo seu estilo de ensino.

Em 2018, após uma decisão de um juiz de Veneza, acabou por ser reintegrada, mas o Ministério da Educação recorreu, tendo agora o Supremo Tribunal decidido reverter essa decisão. Cinzia De Lio foi oficialmente demitida no final deste ano letivo.

Sabe a BBC que a professora contestou a decisão e garantiu que reconstruiria a verdade, de modo a provar seu lado da história: “Vou reconstruir a verdade dos factos desta história absolutamente única e surreal“, disse Cinzia De Lio.

No entanto, quando contactada pelo jornal la Repubblica para comentar o caso, terá respondido: “Desculpe, mas agora estou na praia“.

“Não respondo a perguntas de jornalistas lançados que não façam justiça à afirmação da verdade, sobre a minha história, única em sentido absoluto. Estou disponível, claro, para enviar escrituras e documentos úteis aos colegas que me venham a solicitar”, acrescentou.

“Colegas”, porque, de acordo com o jornal italiano, Cinzia De Lio é agora jornalista freelancer, tendo a intenção de “gerir pessoalmente a vertente mediática da história”.

Uma antiga aluna de Cinzia De Lio contou, ao la Repubblica, que não viu a professora “mais de dez vez”.

“Ele nunca se relacionou connosco, tanto que muitas vezes errava os nossos nomes, porque nem nos conhecia. Deu-nos notas altas para evitar que pudéssemos reclamar e talvez denunciá-la ao diretor. Acho que ela se sentia culpada e tentou proteger-se assim”, considerou a jovem, agora com 22 anos.

“Ele nunca seguiu o programa educacional, não explicava, não tinha manual. Ela passava as aulas a falar sobre os tribunais, que ‘a perseguiram’”, contou a antiga aluna.

Miguel Esteves, ZAP //

11 Comments

  1. Conheço alguns, que talvez não de forma tão denunciada faltam constantemente porque ou estão em excursões com os alunos, ou estão doentes, ou têm um filho doente, ou faltam por esta ou aquela razão, ou passam a aula toda a falar de problemas pessoais, e assim se passam meses em que o conteúdo do ano letivo se não é zero, muito perto disso é. Por isso é que quando vejo aquelas manifs dos profs a reclamar só me dá vontade de rir.

  2. Eu conheci casos de professoras que no primeiro dia de aulas metiam um artigo (penso que 5º na altura) e nunca mais apareciam. Anos e anos disto.

  3. Não se preocupe porque dentro de pouco tempo você deixará de vomitar porque não haverá professores a incomodá-lo. Eles estarão “a pentear macacos” noutras profissões.
    Nessa altura, os alunos passarão a ser autodidactas, ou terão de ser ensinados pelos pais ( mas já sem vómitos!).
    Valha-nos ao menos que vem aí a AI!!!
    Afinal fico sem saber quem o ensinou a si, à sua familia e, no fundo, a todos os portugueses…
    Devem ter sido os mentecaptos dos professores. Só pode!

  4. Já se interrogou quantas horas trabalha o presidente do sindicato dos médicos, do sindicato dos pilotos, dos polícias, dos maquinistas, da função pública, dos enfermeiros, dos funcionários judiciais, etc, etc, etc?
    Não estou a falar nas horas que passam nos sindicatos.
    Diga lá que é para eu confirmar que é só o Nogueira que falta ao trabalho.

  5. Ou seja: metiam o artº 5º, desapareciam, e o ministério da educação continuava a pagar-lhes!
    Em pleno século XXI ainda há quem acredite no pai natal…
    Valha-nos isso!

  6. Aqui há 20 anos isso era uma realidade. E, enquanto presidente do conselho diretivo, nada pude fazer na altura. Expus a situação por diversas vezes ao ministério e disseram-me que nada podia fazer. Não me alongo em detalhes porque o marido dessa senhora ocupava um cargo importante (ainda que não no ministério da educação). Acredite que, legalmente, a senhora podia fazer isso.

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