O ‘poliovírus selvagem’, correntemente designado de poliomielite, foi oficialmente declarado como erradicado do continente africano, após décadas de esforços para tentar controlar a doença que afeta sobretudo crianças com menos de cinco anos, gerando paralisia que em muitos casos é irreversível.
O anúncio foi feito pela Comissão Regional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite, um organismo independente. Atualmente, apenas dois países evidenciam infetados com o “poliovírus selvagem”: Afeganistão (29 casos em 2020) e Paquistão (58 casos).
África foi declarada livre de poliomielite quatro anos depois da deteção dos últimos casos no nordeste da Nigéria, uma região devastada pelo conflito contra os jihadistas do grupo Boko Haram.
Numa cerimónia transmitida virtualmente, durante a reunião virtual da 70.ª sessão do comité regional da OMS para a África, os membros da Comissão Regional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite apresentaram o certificado devidamente assinado. O documento atesta que a região está livre da transmissão do poliovírus.
“Graças aos esforços mobilizados pelos governos, profissionais de saúde e comunidades, mais de 1,8 milhões de crianças foram salvas desta doença”, declarou a Organização Mundial de Saúde em comunicado, sublinhando que o facto de África ter ficado livre de poliomielite é uma uma etapa crucial na erradicação da doença no mundo.
A diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, disse que este é “um exemplo do poder da solidariedade”. “É uma das maiores honras da minha vida presidir a esta cerimónia”, afirmou Moeti, ressalvando que “a batalha ainda não acabou”. Por seu lado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que este é “um dia de celebração e esperança”.
“Reunimo-nos para nos regozijarmos por um sucesso histórico na saúde pública. Este feito histórico só foi possível devido ao poder da parceria”, disse Ghebreyesus, recordando o empenho de Nelson Mandela, que se envolveu no combate a esta doença, tal como o fez em relação a outras doenças.
“Um futuro sem poliomielite pode ter parecido uma vez impossível. Mas, nas palavras de Nelson Mandela, quando as pessoas estão determinadas, podem ultrapassar tudo“, acrescentou.
Mandela foi igualmente recordado pelo Presidente da Nigéria, o último país a assistir à erradicação da poliomielite em África, que se congratulou pelo feito, afirmando que este é de uma grande importância, “não só para os nigerianos, mas para todos os africanos”.
// Lusa