África do Sul quer tecnologia de ponta portuguesa para resolver crise energética

GovernmentZA / Flickr

O ministro da Eletricidade da África do Sul, Kgosientsho Ramokgopa

O ministro da Eletricidade da África do Sul, Kgosientsho Ramokgopa, avançou hoje à Lusa que Pretória gostaria de usar tecnologia de ponta portuguesa na resolução da crise energética do país, nomeadamente na componente da descarbonização.

“Acho que temos muito a aprender com Portugal no contexto da resolução dos nossos desafios da eletricidade, e também da parte da descarbonização, Portugal tem-se mostrado um dos países líderes em relação às renováveis”, declarou o ministro na presidência sul-africana.

O governante falava à Lusa no palácio presidencial Union Buildings, em Pretória, após o encontro entre as delegações do Presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e de Marcelo Rebelo de Sousa, na capital sul-africana.

“Procuraremos envolver-nos na parte de tecnologia, nas questões relacionadas com competências técnicas, mas também no ambiente regulatório que ajudou os portugueses a fazerem a transição no ritmo e na escala que conseguiram fazer”, disse Kgosientsho Ramokgopa.

“Do nosso ponto de vista é mesmo em torno de soluções tecnológicas no que diz respeito às renováveis, às várias fontes de combustíveis e como conseguiram fazê-lo em Portugal, a questão das competências, como conseguem incorporar as renováveis na rede, então essas são as coisas que formarão a base das nossas discussões, mas ainda não concretizamos exatamente o que é”, explicou.

O ministro da Eletricidade avançou também que o Governo sul-africano tem a intenção de localizar a produção de componentes, atrair investimento estrangeiro para o setor das energias renováveis através de vários processos de aquisição local.

“Esperamos que também as empresas portuguesas encontrem expressão, algumas já estão a participar no ‘pipeline’ existente de projetos de energias renováveis no país e esperamos que eles possam crescer”, advogou o ministro.

Ramokgopa foi nomeado em fevereiro pelo Presidente, Cyril Ramaphosa, para melhorar a disponibilidade de energia da estatal elétrica sul-africana Eskom, eliminando os cortes regulares de eletricidade de pelo menos 12 horas por dia.

No ano passado, a empresa pública sul-africana privou o país de mais de 200 dias de eletricidade, segundo dados da companhia.

Em abril, o novo ministro da Eletricidade anunciou que a atual crise energética custa anualmente à economia sul-africana pelo menos 500 mil milhões de rands (25,08 mil milhões de euros).

A situação precária da empresa pública responsável por 90% da produção nacional, sendo cerca de 80% do carvão, está na origem da crise de eletricidade de longo prazo na economia mais desenvolvida do continente africano.

Os cortes rotativos de eletricidade na África do Sul afetam extensas zonas do país e a Eskom prevê que a situação se agrave durante o Inverno em curso.

Desde a sua eleição em 2018, o Presidente da República, Cyril Ramaphosa, não deixou de prometer o fim da crise energética, bem como uma mudança radical na estrutura da Eskom para reverter a situação desta gigantesca empresa (que tem mais de um século de experiência e foi uma das maiores empresas de eletricidade do mundo).

// Lusa

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