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Afinal, os tubarões-baleia macho não são os maiores peixes dos oceanos

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Um novo estudo revela que, afinal, os tubarões-baleia machos não são os maiores peixes do oceano. As fêmeas crescem continuamente muito depois de os machos pararem, atingindo tamanhos maiores – ainda que demorem mais tempo a lá chegarem.

O estudo de uma década foi conduzido pelo biólogo de peixes do Instituto Australiano de Ciência Marinha (AIMS) Mark Meekan, que trabalhou com uma equipa de cientistas no Recife de Ningaloo, da Austrália Ocidental, durante 11 temporadas de 2009 a 2019.

As suas descobertas revelaram que, enquanto os tubarões-baleia machos cresciam mais rapidamente, a sua taxa de crescimento eventualmente estabilizava-se, dando um comprimento adulto médio entre cerca 8 a 9 metros. Em comparação, as fêmeas cresceram mais devagar, mas continuaram a crescer durante mais tempo, dando-lhes um comprimento adulto médio de cerca de 14 metros.

O estudo registou também indivíduos com 18 metros de comprimento.

“Isto é absolutamente enorme, mais ou menos do tamanho de um autocarro dobrável numa rua da cidade”, disse Meekan, em comunicado divulgado pelo EurekAlert. “Mas, embora sejam grandes, estão a crescer muito, muito lentamente. São apenas cerca de 20 ou 30 centímetros por ano.”

A equipa monitorizou o crescimento de 54 tubarões-baleia ano a ano, possível graças às manchas exclusivas dos tubarões-baleia, que são impressões digitais que podem ser usadas para identificar indivíduos. Os investigadores gravaram mais de 1.000 comprimentos de tubarões-baleia usando câmaras de vídeo estéreo montadas numa estrutura subaquática operada pelo cientista marinho do AIMS, Brett Taylor.

“São basicamente duas câmaras instaladas num quadro que se empurra quando está debaixo de água”, explicou Taylor. “Funciona da mesma forma que os nossos olhos, por isso pode-se calibrar as duas gravações de vídeo e obter uma medição muito precisa do tubarão.”

De acordo com Meekan, o estudo é o primeiro a provar que os tubarões-baleia machos e fêmeas crescem de forma diferente.

“Só foi encontrada um tubarão-baleia fêmea grávida e tinha 300 crias dentro dela“, disse. “Esse é um número notável, a maioria dos tubarões teria apenas algo entre duas e uma dúzia. Portanto, essas fêmeas gigantes provavelmente estão a ficar grandes por causa da necessidade de carregar muitos crias.”

Por outro lado, a descoberta é um motivo de preocupação para os conservacionistas, uma vez que esses peixes ameaçados correm um risco maior de sofrer danos antes de serem capazes de se reproduzir, uma vez que demoram cerca de 30 anos para atingir a maturidade.

Este estudo foi publicado este mês na revista científica Frontiers in Marine Science.

ZAP //

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