Afinal, o maior cometa alguma vez descoberto pode estar em atividade há mais tempo do que se pensava

NOIRLab/NSF/AURA/J. da Silva/Spaceengine

Cometa BB

Cientistas observaram pela primeira vez o Cometa BB em junho, procedendo de seguida a uma série de testes para se certificarem da sua composição.

O cometa Bernardinelli-Bernstein (BB), o maior alguma vez descoberto, pode, afinal estar ativo há mais tempo do que os astrofísicos pensavam, o que significa que o gelo no seu interior está a vaporizar e a formar um envelope de pó e vapor conhecido pelos cientistas como “coma”. A descoberta deverá ajudar os astrónomos a descobrir de que é feito o cometa, mas também a sua condição durante a formação do sistema solar.

“Estas observações estão a aumentar as noções de cometas ativos para além do que conhecíamos anteriormente”, explicou Tony Farnham, investigador do departamento de astronomia da UMD e o principal autor do estudo.

Saber quando um cometa se tornou ativo é determinante para se saber do que é que ele é feito. Frequentemente chamados de “bolas de neve sujas”, os cometas são conglomerados de pó e gelo que restaram da formação do sistema solar. À medida que um cometa em órbita se aproxima do sol, ele aquece e o gelo de que é feito começa a vaporizar — o grau dessa vaporização, ou o quão quente é preciso estar, depende do tipo de gelo que o cometa contem.

O cometa BB foi descoberto em junho de 2021, através de dados recolhidos na Dark Energy Survey, uma pesquisa internacional e colaborativa que teve como objetivo conhecer mais sobre o seu do hemisfério sul. Os inquéritos permitiram, entre outras coisas, capturar os núcleos mais brilhantes dos cometas, apesar de estes não terem resolução suficiente para revelar o envelope de pó e vapor que se forma quando o cometa se ativa.

Com cerca de 100 km de largura, o cometa BB é o maior alguma vez descoberto, estando mais longe do sol que o planeta Urano — a maioria dos cometas está cerca de 1 km e muito mais perto do sul quando são descobertos. Como tal, os cientistas combinaram milhares de imagens do cometa captadas pelo TESS desde 2018 e 2020. Desta forma, conseguiram criar mais contraste e alcançar uma imagem mais clara do cometa.

No entanto, e como os cometas se movem, é preciso ajustar e sobrepor as imagens, de forma a que o cometa aparecesse perfeitamente alinhado. A técnica conseguiu remover as manchas das fotografias ao mesmo tempo que amplificava as imagens do cometa — algo que permitiu aos investigadores ver o brilho nebuloso de pó que rodeava o BB.

De forma a certificar-se que o coma não era apenas uma mancha causada pelo empilhamento de imagens, a equipa repetiu a técnica com imagens de objetos inativos. Com um resultado claro, os investigadores estavam confiantes de que o fraco brilho em torno do cometa BB era, de facto, um coma ativo.

O seu tamanho e a distância ao sol sugerem que o gelo vaporizador é composto por monóxido de carbono, uma vez que este pode começar a vaporizar quando está até cinco vezes mais longe do sol do que o cometa BB estava quando foi descoberto — o que é um indicador de que o BB poderia estar ativo muito antes de ter sido observado. “Partimos do princípio de que o cometa BB estava provavelmente activo antes, mas não o vimos antes disso”, disse Farnham. “O que ainda não sabemos é se existe algum ponto de corte onde possamos começar a ver estas coisas do nível zero antes de se tornarem ativas”. De acordo com Farnham, a observação de processos como a formação de um coma planetário abre uma nova e importante porta para os astrónomos.

“Isto é apenas o início”, apontou o investigador ao site Eurekalert. “O TESS está a observar coisas que não foram descobertas ainda, e este é o tipo de descobertas que poderemos fazer. Temos a capacidade de fazer muito disto, ou seja, logo que um cometa seja visto, voltar atrás no tempo através de imagens e encontrar esse objeto quando eles ainda estão a uma distância maior do que a do Sol”, explica.

ZAP //

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