Afinal, a pele absorve mesmo produtos químicos eternos

Uma equipa de cientistas de cientistas demonstrou que 17 “produtos químicos eternos” sintéticos de uso corrente podem ser facilmente absorvidos pela pele humana.

As substâncias perfluoralquílicas (PFAS) não se decompõem na natureza, pelo que conseguem atravessar a barreira cutânea e chegar à corrente sanguínea do corpo.

Entram no corpo através de outras vias, por exemplo, inalados ou ingeridos através dos alimentos ou da água potável, e causam efeitos adversos à saúde.

Segundo o Phys.org, estas substâncias são amplamente utilizadas na indústria e em produtos de consumo, desde vestuário a produtos de higiene pessoal, devido às suas propriedades repelentes de água e de nódoas.

Num novo estudo, publicado este mês na Environment International, os cientistas analisaram 17 PFAS diferentes. Nas experiências utilizaram modelos equivalentes de pele humana em 3D e aplicaram amostras de cada substância química para medir as proporções que era absorvidas, não absorvidas ou retidas nos modelos.

Dos 17 PFAS testados, os autores do estudo descobriram que 15 substâncias apresentavam uma absorção dérmica substancial — pelo menos 5% da dose de exposição.

Nas doses de exposição examinadas, a absorção na corrente sanguínea do PFAS mais regulamentado (ácido perfluoro octanóico; PFOA) foi de 13.5% com mais 38% da dose aplicada retida na pele para potencial absorção a longo prazo na circulação.

A quantidade absorvida aparenta estar relacionada com o comprimento da cadeia de carbono dentro da molécula. As substâncias com cadeias de carbono mais longas apresentam níveis de absorção mais baixos, enquanto os compostos com cadeias mais longas, como o PFOA, foram mais facilmente absorvidos.

O estudo revela a importância da via dérmica como via de exposição a uma vasta gama de produtos químicos. Dado o grande número de PFAS existentes, é importante que os estudos futuros tenham o objetivo de avaliar o risco destes produtos químicos tóxicos, em vez de se concentrarem apenas num de cada vez.

“Este estudo ajuda-nos a compreender a importância da exposição a estes produtos químicos através da pele e também quais as estruturas químicas que podem ser mais facilmente absorvidas”, realça o coautor do estudo, Stuart Harrad.

“Isto é importante porque vemos uma mudança na indústria para produtos químicos com cadeias mais curtas uma vez que se acredita que são menos tóxicos. Por sua vez, pode ser que absorvemos mais deles, pelo que é necessário conhecer os riscos envolvidos”, conclui.

Soraia Ferreira, ZAP //

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